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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


16.10.17

O Cão de Castro Laboreiro ...


Ventor

... ou sabujo de Soajo? Sabujo de Soajo!

Tinha escrito por aqui, uns aninhos atrás, uma história sobre um cão de Castro Laboreiro, no meu site "A Grande Caminhada". Há cerca de um ano, mais ou menos, o meu amigo NetSapinho, decidiu acabar com os Sites e, eu que tenho a mania de esquecer as coisas, não tirei as páginas todas a tempo e horas.

Claro que vou ter de reescrever o que o meu pai me contou sobre o cão e, o que me leva a isso é, sómente, falar do cão que dizem ser de Castro Laboreiro e do tal cão "sabujo" de Soajo, o mesmo cão.

Em Castro Laboreiro, como em Soajo, o cão é o mesmo e, nos dois lados é um belo amigo do Ventor

O meu pai nunca me falou dos cães "sabujos" de Soajo porque, concerteza, nada saberia sobre eles e, quando as pessoas nada sabem, nada devem dizer. Foi assim que o meu pai me ensinou e é assim que eu procedo.

Vim a saber, pelos anos fora, que o cão "Sabujo" de Soajo e o cão de Castro Laboreiro são um e o mesma animal. E porque não haveria de ser se a serra de Soajo e os montes Laboreiro estão ali tão enleados uns nos outros e que, na verdade são a mesma coisa! Sabemos da transumância dos gados de Soajo e de Adrão para os montes Laboreiro, pelos planaltos de Castro Laboreiro e, sabemos também que, em tempos de lobos, nada como ter por parceiro de caminhadas, cães possantes como os sabujos de Soajo, os actuais cães a que alguns dão o nome de "cães de Castro Laboreiro".

Quando eu nasci, e nos primeiros 2 ou 3 anos da minha vida, meu pai tinha um cão desses. Eu sempre dediquei parte da minha vida a esses fiéis companheiros - os cães - e, muito pequenino, pendurei-me no pescoço desse belo cão que, não estaria pelos ajustes, meteu-me aquela bocarra enorme no braço e rosnou valentemente. «O cão estrafegou o braço ao moço, eu mato-o", terá gritado meu pai para minha mãe. Mas não! Ele apenas me terá avisado que não fosse tão impetuoso pois haveria regras para cumprir. O meu pai pegou-me no braço e verificou que o cão nem uma marquinha deixou.

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 O cão sabujo de Soajo, simbolizado nesta pedra 

Em tempos ele lutava com os ursos, com os javalis, com os lobos, com as corsas. Esta estátua ou outra semelhante, estava num quintal, junto à igreja de Soajo, creio que, de um Sr. Professor Jorge Lage, segundo me disseram posteriormente. Se a estátua é a mesma ou não não sei mas sei que fica muito bem no local onde a encontrei, junto aos espigueiros e à Escola de Soajo

O meu pai contou-me a história de um amigo de Castro Laboreiro que chorou por um cão desses. O homem, nos fins de um Outono qualquer, terá ido tirar as ovelhas da corte e quando elas iniciaram a subida do monte, foram atacadas por lobos, mais que um. O Tal cão "sabujo" de Soajo ou Castro Laboreiro, amandou-se aos lobos e persegui-os monte acima e o dono viu-o atravessar o horizonte do cabeço. O cão não voltou. O dono do cão procurou-o pelos montes de Castro Laboreiro e pensou que os lobos o mataram. Arranjou um rafeiro para o substituir e lhe fazer companhia no monte quando guardava as ovelhas.

No inverno seguinte, quando as ovelhas iniciavam a subida, desce o monte uma alcateia de lobos, em correria, para atacarem as ovelhas. Um dos lobos faz grande corrida, direito ao homem que se tentava defender de cajado na mão. De repente, esse lobo põe-se à sua frente e, dentes arreganhados, ameaçou os outros lobos que meteram o rabo entre as pernas e iniciaram a fuga no sentido inverso. Esse lobo (seria lobo para o pastor) fez festas ao dono, endireitou-se por ele fora, lambeu-o todo. De repente, olhou-o fixamente, deu ao rabo e iniciou a caminhada atrás dos outros, passando o cabeço para trás. Era o seu cão que tinha acasalado com uma loba e tinham filhos que estavam a preparar para as caçadas, porque a vida custa a todos e também custa aos lobos.

... o cão sabujo de Soajo? Tem toda a lógica que seja o mesmo cão. Porque não?!

Meu pai gostava de me contar esta história para me lembrar que o cão que não me estrafegou o braço não era um cão qualquer e me reconhecia como seu dono, assim como o cão de Castro Laboreiro, sabia que os seus filhos nunca atacariam o seu velho dono, porque ele não deixaria. São assim os animais quando são bem tratados. Não só tratados com alimentação, não só matar-lhes a fome e a sede mas sim tratados com o respeito merecido, sejam eles que cães forem. O cão reflete aquilo que o dono é. Se o dono respeita os outros animais ou pessoas, o cão também respeita. Se o dono se revelar como o maior, o mandão, o esventrado dos miolos, qualquer que seja o cão, também o será.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente