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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


29.08.18

Caminhar na Assureira, 2018


Ventor

Caminhar na Assureira, em Agosto de 2018, não serviu só para matar saudades, para voltar a observar as suas lages e para olhar as paisagens cobertas de matos, silvas, tojos arnais ou pica-ratos (eu não sou rato e picam-me bem), giestas, etç. Caminhar na Assureira também deu para fazer outras observações.

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Aqui estava o bufo, mais provável no carvalho, bem alto, do que nas paredes da corte

Eu tive na minha recepção um pardal, uma toutinegra, uma lagartixa e um morcego pendurado no fio de uma lâmpada eléctrica, na casa do ti Emílio que Deus tem. Não vi o Bufo mas sei que estava lá, bem perto de nós ou na sombra do carvalho ou num buraco das ruinas de uma casa de granito cheio de musgo e junto ao carvalho.

Só eu é que o ouvi. Devia estar chateado por ficarmos ali a observar a influência que meio século teve na caminhada da nossa gente. Foram três pios do Bufo, se calhar a avisar a companheira ou companheiro que não passávamos de uns chatos. Há muitos anos atrás eu ouvia o Bufo na Assureira mas sempre ao chegar da noite, quando já saíamos a caminho do eido, ao lusco-fusco ou já de noite.

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Foto tirada do Pixabay

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Foto tirada do Pixabay. É grande este bicharoco. De noite ele vence e mata a águia que não vê. De dia é a águia que o mata a ele. Assim existe equilíbrio entre os dois rapaces

Não ouvi o arrulhar das rolas ou dos pombos bravos, nem o grasnar dos gaios que na Assureira nunca me tinham faltado até 2006 a última vez que lá tinha ido. Em 2006 um gaio ficou sarapantado quando ia beber água à poça da mina e deparou comigo. Vimos os detritos da corça que tal como os javalis andarão fugidos pelo mato ao sentirem e cheirarem as pessoas por perto.

Dei por falta desses meus amigos de penas a que chamo penudos e não foi só na Assureira. Dei por falta dos chascos e dos cartaxos esvoaçando à nossa fente, quando subimos à Pedrada. Mas, também, em Arcos de Valdevez, apesar de ter fotografado o meu amigo melro de água, achei existirem poucas pegas negras, pardais, cartaxos e outros pássaros que todos os Agostos tenho visto com alguma abundância.

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Cartaxo-comum, nossos amigos a caminho da Pedrada

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Chasco, nossos amigos a caminho da Pedrada

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Chasco pequeno

Quando observava a ponte e o rio de Adrão em Arriba dos Moinhos, ainda sonhei que passasse por ali o guarda-rios, meu velho companheiro de há 57 anos para atrás. Achei piada, o grupo Desportivo das Pescas de Soajo ou lá como se chama, querer transformar o rio de Adrão num belíssimo centro de pesca às trutas.

Com o matagal que avassala o rio, as trutas não subirão de maneira nenhuma. Mas fazer placas não custa nada. Uns cêntimos, uma borradela e a placa está feita. Vamos lá coloca-la. Quem viu aquele rio cheio de trutas como eu vi, plantar placas e deixar andar deve ser um trabalho muito frutuoso! Deu-me muita vontade de rir. Se realmente houver pescadores em Soajo, não devem ganhar para os anzóis. Primeiro deviam limpar o rio. Não custa nada! Levem a cana numa mão e a foice na outra e então sim, as trutas passarão a subir o rio.

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  Lagartixa, foto pixamania. Haviam muitas na Assureira. Hoje não se vêm

Mete dó ter conhecido aquele rio e observa-lo hoje. Será que há trutas no rio de Adrão? Quando antigamente íamos da Assureira para o eido, o poço do moinho de Arriba dos Moinhos, estava sempre cheio de trutas e eu corria à frente dos homens caladinho só para as conseguir olhar.

Se calhar hoje nem me acreditam mas tirei duas trutas que ficaram a entupir a leva de água para fazer rodar o rodízio do moinho da tia Bondeira. Virei a água para o rio e fui lá apanhar as trutas que pareciam salmões. Caíram e ficaram aos saltos até eu as apanhar no meio das pedras, por baixo do moinho. O mais difícil foi a cobra negra!

Houve duas que seguiram o rego para regar o campo da Assureira de tão gulosas que eram que foram apanhadas pela minha tia Joaquina aos saltos no meio do milho, quando ela regava. Hoje não há nada disso. Hoje não temos trutas para ver nos poços, quanto mais para irem centenas de metros atrás de minhocas até ao milho. Mas há um Clube Desportivo de Pescas. Espero que tenham sorte mas têm de fazer por isso. A sorte protege os audazes!


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente