Caminhada na serra de Soajo, em 2020
Na primeira metade de 2019, senti-me morto por três vezes. Tive uma máquina a sugar-me bactérias e fui submetido uma terceira vez, em Junho, para fecho final. Ainda pensei que não iria ficar por ali mas, graças a Deus iniciei as melhoras em Junho e, comecei a acreditar que, nesse ano, ainda iria fazer a minha caminhada pela serra de Soajo. Com muita vontade e com o apoio de amigos consegui voltar à Pedrada, o monte mais alto da serra de Soajo.
E lá vamos nós. Eu sempre atrás a tirar fotos! Por isso não fico em nenhumas
Dali voltei a ver os montes da Peneda e lançar a minha vista sobre os montes Laboreiro. Um dia disse a alguém que nunca ficaríamos sem a serra de Soajo porque ela dali não sairia. Tal como o alentejano com a sua estrada. «Oh, amigo, para onde vai esta estrada»? Resposta do alentejano. "Não vai para lado nenhum. Ela é nossa"!
O mesmo disse eu a um capitão de Abril: «a serra de Soajo é nossa e nunca ficaremos sem ela porque ninguém a tira dali». Mas o caso é muito mais complicado, quando há nhurros que subvertem os nomes às coisas. Como pode haver indivíduos que se dizem estudar arquitectura e brincar com nomes geográficos? Chamar à serra de Soajo, serra da Peneda será como chamar ao seu berço, por troca, uma latrina. Como é possível adulterar nomes ao ponto de chamar à branda de Bordença, branda da serra da Peneda? Em que escola esse arquitecto estudou?
Lá que brinque com a arquitectura dos «Iglos de Pedra», ainda vá que não vá! Mas adulterar nomes, isso não tem desculpa! É preciso falar disso. Irei falando à medida que as caminhadas se vão desenrolando.
Mas como ia dizendo, este ano de 2020, voltei a repetir a caminhada. Não me custou tanto, apesar do calor, sempre estava mais fresco que nos dias anteriores. Caminhamos sobre o planalto da Naia, subimos o Muranho e empanturramos-nos de água. A bela água do Muranho que corria normalmente sem darmos pela seca.
Aqui, o Luis Perricho observa, com a sua máquina, as bordas do berço onde se encaixa, muito bem, a Senhora da Peneda. Mais um pouco e estávamos no Muranho, à sombra das suas urzes, a ouvir os versos que a água nos cantava e a obsrvar os seus iglos de pedra.