Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


O Cantinho do Ventor
Caminhando por aí
Ventor e a África
Observar o Passado
Planeta Azul
A Grande Caminhada
A Arrelia do Quico
Os Amigos do Quico
Fotoblog do Quico
Fotoblog do Ventor
Coisas Lindas do Ventor
Rádio Ventor
Pilantras com o Ventor
Fotoblog do Pilantras
Montanhas Lindas
Os Filhos do Sol
As Belezas do Ventor
Ventor entre as Flores

rio adrão.jpeg

Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


04.09.10

Da Pedrada ao Muranho


Ventor

No Alto da Pedrada tinha de fazer opções: voltar a fazer o inverso da caminhada, descer até ao Fojo do Lobo de Gorbelas (Brusca, Seida, ?) ou, então, descer pelo lado inverso, na direcção de Arcos de Valdevez e, visitar o Fojo do Lobo cujo buraco se dirige para os montes de Travanca/Mesio e julgo chamarem-lhe o Fojo de Covas (mas, como as minhas gentes chamam vários nomes à mesma coisa, não sei). E, como seria razoável, decidi por este porque, nunca tive oportunidade de fotografar o seu buraco, devido ao matagal onde se integrava.

(Deixo-vos algumas fotos, aqui, no Shutterfly)

Um troço do muro do Fojo do Lobo de Covas. O seu braço esquerdo dirige-se, na direcção do Monte Gião, desde próximo do Alto da Pedrada, junto ao Palácio da Dourada, o Cortelho onde a vaca do ti Joaquim Brasileiro entrava para dormir a sesta

No Alto da Pedrada, cerca das 13 Horas, o vento parecia apostado em enviar-me pelo ar, rumo a Arcos de Valdevez. Soprou bem, dirigido de Castro Laboreiro e até me ajudou na descida. Lá fui rumo aos muros do Fojo que se vêm lá em baixo e cujo muro esquerdo começa, mais ou menos, no centro do Outeiro Maior, quase junto ao cortelho onde, a vaca do ti Joaquim Brasileiro, com o nome de Dourada, costumava dormir as suas sestas. Disseram-me, e eu acredito que, a Dourada, era a única vaca que tinha a mordomia de ter o seu Palácio na Pedrada.

Lá ao fundo, o Monte Gião a arder mas, na sua rectaguarda, quem vai de Ermelo para os Arcos de Valdevez, o fogo parece aterrador

Lá fui descendo e, num certo local, o telemóvel tocou. Era a minha companheira que, com a irmã e o cunhado almoçavam num tasco, em Arcos de Valdevez e, mais estavam apostados a exaucrinar-me com os seus belos pratos e bebidas frescas, enquanto eu, feito lobo solitário, continuava a descer rebocado pelo vento, sedento, sem água e com duas cervejas quentes como o caldo, enfiadas na mochila!

Algures, escondido no mato, fica o buraco do Fojo do Lobo de Covas

Fui mesmo até ao fundo do muro, ao ponto de avistar o buraco ou melhor, o local onde ele deve estar. Quando verifiquei que, descendo mais cerca de 100 a 150 metros, o meu buraco não se mostraria à minha máquina, nem esta tinha possibilidades de o rebocar até mim, desisti!

Inverti a marcha e observava o horizonte bem junto ao nariz, o que me indicava que teria de trepar muito, para chegar lá cima. Não ao cimo da Pedrada mas à cota do Olheiro do Avô, para torcer para a Corga da Vagem onde, aí sim, mataria a sede, não com água, mas com uma das garrafinhas superbock que me tinham carregado todo o trajecto. Trepando de rocha em rocha, cheio de sede e cheio de calor, cada vez mais me parecia encontrar o objectivo mais longe. Ainda me voltei para trás e tirei as medidas às encostas que me poderiam levar até ao Mesio, tentando descortinar velhos trilhos e vi uma galanta que, de cabeça no ar, me observava como que a fazer-me perguntas.

Ainda pensei seguir a minha caminhada rumo ao Mesio, mas inverti a marcha com o horizonte, bem acima da minha cabeça. Para baixo os santos e o Vento soprando de Castro Laboreiro, deram uma ajuda, mas agora? Agora, rebocar o atrelado!

Por fim quase me pareceu ouvi-la! "Trepa essas rochas Ventor, olha o vento e o fogo no Monte Gião"!

E era! Era aterrador ver as belas áreas de biodiversidade nas minhas Montanhas Lindas contorcerem-se nas chamas do horror. Como eu saberia tratar de todos esse selvagens que, propositadamente, deitam fogos no meu berço e por esse mundo fora. Há dias, que observava o fogo de Cabril, desde todos os recantos por onde caminhva, os fogos de Soajo, do Gião e outros que encontramos pelo caminho. Toda aquela visão dos pontos mais altos das minhas Montanhas Lindas se tornava macabra a meus olhos.

 

Foi aqui que o Sardão, mal enjorcado, me gozou! Força Ventor, força. Costumas dizer que subir não custa. Eu vou aqui para uma sombrinha, que me assustaste! E foi mesmo! Incrédulos ele e eu!

De repente, senti rastejar a meus pés algo que ainda não via e me tirou daquelas visões horrorosas das labaredas. Liguei a máquina e apontei-a mas, não deu tempo para disparar. Um lagarto, daqueles que nunca tinha visto, deu-me a oportunidade de o olhar antes de se meter debaixo da rocha. Era um sardão semelhante a muitos outros que já por ali tinha visto. Só que, este, não era esbelto como os meus sardões conhecidos. Era todo verde escuro, pernas grandes, grossas e rasteiras, um corpo curto e cilíndrico, bem grosso e uma cabeça grande quase metida entre as patas dianteiras.

Pensei em ficar por ali até ele voltar a sair e me desse tempo para atingir o meu objectivo - o Fojo, sobre a Coroa, onde a minha gente me largara às 10 horas da manhã.

O nosso frigorífico! Na nascente da Corga da Vagem, gelei esta cervejinha, a minha safa!

Mas a sede era muita e a distância não era pouca até chegar ao nosso "frigorífico" - a nascente da Corga da Vagem. No Olheiro do Avô ainda havia água nos lamaçais pisados pelas vacas, mas não dava para beber. Por isso dei mais uma aceleradela até à Corga da Vagem. Ali encontrei algumas "Rainhas das Montanhas", levadas pelos mesmos desígnios que os meus - beber. Eu podia arriscar beber a água, mas estava quase estagnada e, tal como na Naia, seria palco de sapos e râs. As duas cervejas que reboquei, durante horas, serviam exactamente para estes momentos. Os momentos de desilusão proporcionados pelas secas.

Parti rumo ao Alto da Derrilheira, virei-me para trás e vi ficarem as nossas rainhas da Montanha descansando com a barriga cheia de água 

Cerveja para o frigorífico, máquina a disparar sobre as nossas "Rainhas das Montanhas", os tira-olhos, as flores, ... e, num ápice, lá estava a cervejinha saída da mais bela "caixinha" onde o metal e a electricidade nada mandam.

Depois, caminhei da Corga da Vagem até ao Alto da Derrilheira, sempre observando os fogos, os Canadairs, os Helicópteros e, certamente, a esperanaça de quem dirigia essas belas máquinas, em debelar os monstros proporcionados por Vulcano. No Alto da Derrilheira, tudo faz mais sentido! Dali vejo e fotografo o meu Berço, o mais lindo berço do mundo, sem desprimor para os Berços dos outros.

Do Alto da Derrilheira tirei muitas fotos e virei-me para a esquerda, iniciando a descida para o Poulo do Muranho. Lá estavam aqueles que deveriam ser os meus companheiros de caminhada. Parece que vou de avião! Este local é, para nós, uma espécie de Santuário. E agora, para nunca o esquecermos, temos por lá, em espírito e em cinzas, o nosso amigo Joaquim - o Pequeno. Nunca o esqueceremos. Um pequeno do meu tamanho! Era Pequeno no nome, porque eram dois primos e se chamavam Joaquins. Para nós eram e ficaram sempre a ser, o Grande (o mais velho) e o Pequeno (o mais novo). Que belos tempos!

Apontei a máquina para a minha esquerda e lá está o Poulo do Muranho, os seus Cortelhos e, algures, entre as urzes, a mais bela das minhas fontes, na serra, onde sempre bebi água! Mas achei que o Muranho estava demasiado colorido. Sacos-camas, chapéus, gentes coloridas e parecia-me que não descortinava quem estaria a mais ou quem estaria a menos!

Mas a sede que tinha aguentado durante horas, estava longe de ser sanada com uma garrafinha de cerveja. Desci da Derrilheira para o Muranho e sempre em direcção da nascente do nosso contentamento. Ali cheguei, meti a outra cerveja na friza, enchi o meu célebre copo de plástico de água pura e gelada e comecei a perceber porque, por ali, estou sempre Pertinho do Céu!

Os amigos, separam-se, perdem-se, reencontam-se e arrajam-se outros! Este casal de franceses, encontrados, em Soajo, pelo Zé Manel, queriam ir conhecer as nossas Montanhas Lindas e não podiam arranjar melhor companhia que a rapaziada de Adrão. Aposto que nunca mais esquecerão o Muranho, a Pedrada e o Fojo do Lobo de Gorbelas, da Seida, da Brusca, como quiserem! Ele está no centro disso tudo!

Olhei para o lado, junto da nascente, e vi uma panela. Seria a panela do grande cozido para o Luis, o António, o Zé Manel e, vim a saber depois, para um casal de franceses, filhos da França, que ali estavam com eles e queriam conhecer as nossas Montanhas Lindas.

Tanto quanto sei, o Zé Manel encontrou-os em Soajo e ter-lhe-ão perguntado algo sobre as nossas Montanhas Lindas e ele, filho de Adrão e dos Arcos, disse-lhes o que iriam fazer no dia seguinte e convidou-os a acompanha-los se realmente os interessava. E assim foi!

Sorrisos que eu colocarei aqui se eles voltarem a aparecer e se me permitirem.

O adeus do António, em pleno Muranho. Para o Ano, se o Senhor da Esfera o permitir, assim o espero, lá nos encontraremos 


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.