Ventor e as suas Belezas
Durante a semana de 06 a 11 de Julho, desloquei-me com a Dona do Quico e os avós do Tomás e da Maria até às minhas Montanhas Lindas mas, mais uma vez, apenas as olhei de baixo para cima.
Falarei, por aqui, das nossas caminhadas, rodando nos tapetes de alcatrão, mas para ficar um pouco mais animado, mandava a minha máquina à frente a desbravar trilhos terrestres e aéreos para rebocar as minhas montanhas até mim.
Assim, elas sempre imponentes desciam das alturas ou subiam lá de baixo e prostavam-se diante dos meus olhos como autênticas belezas deste Planeta Azul.
Caminhando pela meia encosta o mais próximo possível, eu prendia-as a um fio dourado emprestado pela Senhora da Peneda e, todo entusiasmado, transportava-as até junto de mim, e agora, até à minha janela virtual onde todos que o pretendam as possam observar.
Na manhã do dia 7 de Julho, levantei-me, saí do hotel e caminhei até à porta da "grande casa" da Senhora da Peneda que, de tão cedo que era, ainda estava fechada. Encontrei a camisa de uma cobra, quando iniciei a aproximação às quedas de água que descem da Meadinha e, olhando para o lado, procurando a cobra, encontrei a minha flor dos sonhos de criança - a flor azul do São João
Mas, todas estas flores azuis são de Adrão. A Senhora da Peneda lembrou-me da sua existência, perguntando-me: "olha para elas, Ventor! Ainda as conheces?
Eu olhei-as e esqueci-me da camisa e da cobra
Fotografei-as junto da Senhora da Peneda, das suas capelinhas e do Hotel da Peneda, mas avancei para Adrão na esperança de as encontrar
Em Adrão, lá estavam, nos mesmos sucalcos, nos mesmos locais de sempre, quando há mais de 50 anos elas, espreitando-me, faziam parte das minhas caminhadas, ... da minha Grande Caminhada!
Elas saíam dos sucalcos quase como a festejar a minha passagem. E eu, hoje, faço a festa com elas!
Mas, com a intervenção da Senhora da Peneda, junto do Senhor da Esfera, talvez volte a caminhar por lá no próximo mês de Agosto e, então, sim! Então eu beberei água nas minhas fontes, espreitarei pelas portas sombrias dos nossos iglos de pedra e para compensar estas belas caminhadas de Julho, voltarei a rever tudo de cima para baixo.
Caminharei no planalto da Naia e beberei água naquela bela nascente onde Diana, Vénus e outras amigas e amigos gostam de lavar os pés, chorando pela presença do Ventor.
Caminharei no Poulo do Muranho e por entre os seus iglos de pedra e, se o Senhor da Esfera me der forças, farei uma grande corrida até à sua nascente onde beberei da sua água e recordarei todos que um dia por lá caminharam comigo.
Voltarei a fotografar tudo que se vê desde o Alto da Derrilheira como se estivesse a fazer um voo de avioneta sobre Adrão e assim observarei as ruínas dos iglos da Naia e da Chãe do Boi que hoje apenas ocupam um espaço na nossa memória, fazendo-nos recordar os nossos antepassados que, caminhando ao frio das nossas montanhas, ali se abrigavam do frio e dos lobos, protegendo os seus animais.
Em Adrão, encontrei, além de flores, outras maravilhas como esta libelinha dourada ...
... e encontrei outras flores, maravilhas dos meus tempos de crianças, mas nem todas trouxe comigo
Mas, a libelinha dos meus sonhos é esta! Ela continua dentro da minha cabeça há anos sem fim. Encontrei-a também no rio da Peneda e na Branda das Aveleiras, mas eu queria encontrá-las no meu rio e elas aqui estão
Esta flor é também uma bela companheira ...
Caminharei pela Corga da Vagem até à fonte das Forcadas de onde romarei à esquerda e iniciarei a subida até ao Alto da Pedrada, onde estarei, certamente, bem mais pertinho do Céu.
Por estes trilhos espero voltar a ver as nossas "rainhas das montanhas", e os garranos, seus companheiros e senhores das grandes corridas contra os ventos, agora que estão mais verdes e aptas a receber todos, quase como nos velhos tempos.
... tal como esta e muitas outras que vagueiam pelo meu cérebro
Por agora contentei-me com as belas estradas das meias encostas, rodando pelo Planalto de Castro Laboreiro, pela Peneda, por Lamas de Mouro, por S. Bento do Cando, pela Branda das Aveleiras, pelos trilhos alcatroados da Gave, de S. António do Vale de Poldros, por Paradamonte, por Cavenca, por Rio de Mouro, Sistelo, Cabreiro, Mesio, Soajo, Cunhas, Paradela, Tibo, Rouças e, sem esquecer, pois claro, o meu ninho - Adrão. E também, não vou esquecer Ponte da Barca, Arcos da Valdevez, sempre integradas nos meus roteiros e uns saltinhos pelas belas terras da Galiza de onde observei, tal como um galego, as belezas das minhas Montanhas Lindas, vistas de outro lado.
Melgaço, S. Gregório, Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Paredes de Coura e algumas outras vilas e aldeias foram, também, parte do nosso roteiro.
Foram sels dias sobre rodas!