Rosa Martins
Rosa Martins Cortez
Deus chegou à conclusão que estava na hora de a levar para junto d’Ele. Temos de aceitar, pois é assim que está escrito (mesmo que a gente não leia) nas leis da Natureza. Vamos uns atrás dos outros. Mas todos nós deixamos pegada.
Ela foi minha madrinha quando tinha 18 anos. Quando eu era pequeno e se zangava comigo, dizia-me: “e levei-te eu ao colo para Soajo sem deixar que ninguém te pegasse”!
Mas a nossa zanga era sempre curtinha. Apagávamos a candeia, mas acendíamos logo a luz. Quando eu tinha quatro-cinco anos, já eu queria montar a rola, uma égua que seu pai tinha. Fazia-me a vontade e quando eu caía da égua, parecia que o mundo acabava ali para os dois. Ela gritava e eu limpava o pó das roupas. Como tenho dito, nossa Senhora da Peneda esteve sempre junto de mim. Vamos ver até quando.
Ainda hoje sinto as mãos dela quentinhas a aquecer as minhas! Naqueles tempos em que os frios galegos, muito secos, quase nos faziam cair as orelhas e o nariz. Ela metia as mãos nos bolsos e aquecia-as e eu, que nunca parava, parecia que desafiava os frios à bofetada. Agarrava-me as mãos e dizia: “ai meu filho que tu gelas”! Pegava-me nas mãos com as dela e parecia-me que as metia numa fornalha.
Quantas histórias eu teria para contar dos nossos primeiros 15 anos de Adrão!
Agora, só peço à Senhora da Peneda que me ajude a chegar até ela e segui-la até à sua última morada. A morada que ela escolheu para que o seu corpo fosse ali colocado junto do seu marido, do seu pai e da sua mãe.
Que Deus a tenha a seu lado madrinha.