Urzes Brancas de Bordença
Em Maio, 05, passei por Adrão e levava, na mente, a vontade de encontrar urzes roxas mas só encontrei urzes brancas. Parei o carro, na estrada sobre o rio de Bordença e encontrei, apenas, urzes brancas. Ainda bisbilhotei, por ali, se haveriam urzes roxas, mas nada! Saí dos Arcos com os olhos em todos os arbustos que se penduravam sobre a estrada e, quando calhava, tropeçava com eles em urzes brancas.
Não encontrei as que queria mas encontrei estas e por baixo delas as águas do rio gritavam que estas ainda eram do meu tempo. "Estas ainda são do teu tempo, Ventor. Elas têm mais de meio século"! Esta parte do rio nunca ardeu e as urzes cresceram e envelheceram. Passaram muitos anos e eu ia fotografando urzes do meu tempo, 57 anos depois
Eu olhava as suas raízes e os seus troncos e lembrava-me do carvão do ti Caturno, dos torgos e das urzes velhas que ele arrancava do solo por baixo do Poulo do Muranho, quem vai da Naia para a Brusca. Essas, como estas, são urzes colossais e de entre os seus troncos que levantam rochas do solo, podem existir cobras como a que vi em 2006 bem perto destas. Uma cobra deitada à sombra, no meio da estrada, que parecia que nunca mais se desenrolava para fugir para as rochas do rio. A sorte dela foi que eu vi-a a tempo e não tinha vontade nenhuma que o meu carro a pisasse. Depois saí do carro a ver se a fotografava mas já não a vi. Poderei dizer, como os velhos do meu tempo: "era uma cobra de grande bitola"!
Há aqui urzes que, tal como no meu tempo, têm largura para fazer castanholas. Fiz algumas e também colheres de pau.