Dia Mundial dos Monumentos
Hoje não vou falar dos monumentos mas vou falar do seu dia.
Hoje é o dia mundial dos monumentos e são tantos! Eu passo muito do meu tempo, no computador, a estudar monumentos, pelo menos, a olha-los. Olhá-los e, sobretudo, a pensar nos homens que os imaginam, que os fazem, que lhe dão um nome.
Como não vou falar (escrevendo) disso tudo, vou falar dos primeiros monumentos que me impressionaram nas minhas primeiras caminhadas. E foram realmente os primeiros! Estão mesmo nos primeiros, o Pelourinho de Soajo e a Estátua Equestre do rei D. José, na Pç. do Comércio, vulgo, Terreiro do Paço.
O Pelourinho de Soajo, creio que já todos conhecem a sua lenda e as suas interpretações
Para os que não sabem e são esses que me levam a repetir, o Pelourinho fica no Largo do Eiró
O pelourinho de Soajo, devo tê-lo visto quando, com uns mesinhos, cheguei a Soajo para me baptizar. Só que, então, como será de calcular, não me impressionou! Mas, com o andar do tempo, foi-me impressionando. Mais me impressionou numa festa de Soajo, teria eu alguns 9, 10 anos, quando comecei a avaliar os cabeçudos , em comparação com o Pelourinho. Foi, durante os meus primeiros 15 anos, o primeiro monumento a impressionar-me.
A Estátua de D. José no Terreiro do Paço
D. José e o seu belo cavalo
Aos 15 anos, iniciei outra caminhada, então, rumo a Lisboa. Quando cheguei a Lisboa, apanhei um táxi em Santa Apolónia e rumei à Av. Infante Santo por onde, durante 5 dias, se transformou na minha Base. Dali, corri Lisboa e os seus monumentos mas, não ligava muito. Tinha outras preocupações. Quando fui ao Terreiro do Paço, olhei e observei bem, aquela bela Estátua Equestre a D. José. Observei, olhei em toda a sua volta e apreciei bem aquele belo cavalo, a esmagar as serpentes. Foi essa a primeira estátua a impressionar-me a sério para além do Pelourinho de Soajo.
Quando, em Almada, o meu amigo Joaquim da Chica (que Deus tem) me entregava dinheiro para ir a Lisboa pagar o Grémio, ali para o Bairro Alto, no regresso, eu olhava sempre a estátua de D. José I. Ainda hoje o faço! Naquele tempo, entregava o dinheirinho no Grémio, pegava no recibinho e dirigia-me ao Terreiro do Paço, não só para apanhar o Cacilheiro, aquele belíssimo barco que embeleza o rio Tejo e Lisboa, mas sempre para cumprimentar o D. José. Foi ali, numa altura dessas, que eu tirei a minha primeira fotografia.
A Estátua de D. João I, na Praça da Figueira, em Lisboa
Outras estátuas me impressionaram, como a estátua de Camões, a estátua dos Restauradores, a estátua da guerra Peninsular, o Saldanha sempre a apontar que é para aquele lado, a de D. João I, na Praça da Figueira. Esta, quando a olho, parece-me ouvir o povo de Lisboa no seu grito colectivo : "arraial, arraial, por El Rei de Portugal".
Depois houve outras estátuas e outros monumentos que me têm levado a pensar nas razões das suas existências e no lugar que ocupam na evolução do nosso mundo. Vejo as estátuas com alma! Todos os monumentos representam algo de importante no nosso mundo social, nas nossas caminhadas colectivas. Por isso não gosto de ver mudar nomes, não gosto de ver destruir estátuas ou qualquer outro monumento, não gosto de ver trocar nomes. São as partes mais fáceis de qualquer revolução e daqueles que, não valendo nada, se acham grandes revolucionários.
Gosto de olhar uma estátua e defini-la a meu gosto, apenas com duas frases: "grande sacana" ou "grande homem". Uma das duas coisas é de certeza!
E se as estátuas têm alma, podem ter tido uma boa alma, "grande homem, grande mulher", ... ou, claro está, "grandes sacanas"!