Rumo à Pedrada, Agosto de 2015
A caminhada da alegria!
Depois de subir a Portela, as Lameiras e caminhar nos horizontes da Corga Grande, caminhamos na Naia, rumo à sua fonte, entre fetos de que tenho sempre saudades
Depois de subirmos ao Alto da Derrilheira e rumar à Corga da Vagem, fitamos os olhos na Pedrada de onde não saem tão depressa. Seguimos pela Corga da Vagem até às Forcadas, onde em tempos houve uma fonte e hoje, não a vemos. Torcemos à esquerda, iniciando a nossa última subida
Por fim, o Marco Geodésico da Pedrada. Aqui observamos em volta, tudo o que há para ver, até perder de vista e, gloriosamente, dizemos: chegamos! Este é o nosso marco
Em 13 de Agosto de 2015, tentamos ir à Pedrada mas a chuva não nos deixou. Fomos apenas até Adrão e, tal como há mais de meio século atrás, caminhamos, por ali, à chuva. Desistimos e voltamos para os Arcos! Com chuva e nevoeiro, não vale a pena ir à Pedrada. Sem paisagens nada interessa. Mas no dia 15, no sábado, saímos de Arcos de Valdevez, rumo à Pedrada, o local mais alto da serra de Soajo, conhecida nos meandros militares por Outeiro Maior. É o Outeiro Maior na zona e é, certamente, além de maior, o mais lindo. Como costumo dizer, não podemos subir à Pedrada sem ser a olhar para trás. Olhando para trás, nós vemos o nosso mundo! Foi ali que tudo começou.
Partir de Adrão ou de outro lado qualquer, o objectivo é alcançar a Pedrada, objectivo esse que pretendemos repetir sempre que possível, desde o tempo em que caminhávamos de cueiros.
Eu adoro a Pedrada! Quando passo a Derrilheira, fico com a Pedrada pendurada no nariz e nunca mais a largo, mesmo coxo, como já me aconteceu.
Mas antes de chegarmos à Derrilheira, de treparmos pela Corga da Vagem, de nos colarmos ao Marco da Pedrada, temos uma paragem obrigatória no Muranho, onde observamos o seu Poulo, os seus Cortelhos e bebemos na sua Fonte
Iniciamos a subida sob a ameaça de chuva mas lá fomos. Tivemos uma belíssima cadela a esperar-nos na Portela e, mais acima, nas Lameiras, esperavam-nos os abutres.
Os meus companheiros de caminhada não ouviram mas, eu ouvi bem. Vamos Ventor, nós sabemos que tu não vais ficar para trás. Eles subiram connosco. Das Lameiras até à Pedrada, houve sempre, um, dois ou mais, a caminhar, voando, sobre as nossas cabeças.
Pelo caminho fomos observados pelos abutres e observámo-los a eles. São uma bela companhia que pela segunda vez nos acompanharam, serra acima e serra abaixo
Houve sons que eu ouvi e cheguei a pensar que seriam os abutres mas estou mais inclinado para as corsas. Só vi uma e ela ou outras chamavam para caminharem juntas. Também encontrei no terreno, mensagens de javalis. Eles escreveram no Poulo do Muranho e noutros locais mas, especialmente na Corga da Vagem, as suas mensagens para o Ventor. Entre outras mensagens, aquela que me dizem que a nossa serra é linda mas com sol. Procuramos raízes Ventor que não servem para ti mas, para nós, são belíssimos petiscos, tal como as castanhas de Entre-os-Outeiros. Temos de aprender a sobreviver na tua serra, Ventor, na nossa serra.
No Muranho e na Corga da Vagem, li as notícias escritas, no terreno, pelos javalis. Só eles e eu nos entendemos e sabemos, com mais alguns, como é linda a nossa serra
Para já, só faltam e creio, nunca mais haverão, ursos na serra de Soajo, de resto está lá tudo, como noutros tempos. Lobos, javalis, corsas, ... e, no dia em que os incendiários forem enforcados nas árvores a arder, eles sentir-se-ão no mundo que lhes pertence, a eles e a nós. Os lobos não os vimos mas eles deixaram-nos as suas mensagens que só podem ser interpretadas por outros lobos que, como o Ventor, adoram a sua serra.