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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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rio adrão.jpeg

Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


24.02.15

O Senhor da Esfera caminha a meu lado


Ventor

Ele caminhou a meu lado no início do ano. Caminhou comigo por Adrão, em dias de sol e com muitas flores. Não me faltaram as flores das urzes. Urzes brancas e urzes rochas, todas floridas. Não era a Adrão dos últimos anos mas sim, a Adrão de outros tempos. A Adrão dos meus tempos, rodeada dos seus montes floridos. Havia flores por todo o lado, espalhadas pelas lavouras da Veiga e por todas as lavouras que eu, da barreira, com o carro a trabalhar, observava de mão estendida sobre os olhos a fazer de pala, tentando amortecer a luminosidade que o meu amigo Apolo me lançava vindo, já alto, do Gondomil.

Mas eu tinha um carro e, a minha Adrão velha, só era velha nas montanhas em volta porque, lá estavam as casas actuais e a sua estrada, rumo à Peneda e a Paradela. Tudo era lindo visto da estrada, só a minha tristeza de vir rapidamente para Lisboa me atormentava. Eu estava doente e triste mas vivia a alegria dos espaços floridos dos tempos de outrora.

Arranquei a olhar o Senhor da Paz e abandonei todo aquele meu mundo, muito triste. Acordei e revivi, mentalmente, toda a beleza que me tinha rodeado.

Dias depois, fui atingido por uma tosse avassaladora. Tossia de noite e de dia, permanentemente. Não dormia. Era uma tosse seca que me queria destruir por dentro. Foram uns 20 dias de tosse intensa que a minha médica me disse, no Hospital da Luz, tratar-se de uma tosse alérgica. Alérgica ou não eu via o meu mundo desfazer-se aos poucos. Fui fazer análises, vários exames de rotina, uma trabalheira diabólica que enfrento com birrice. Até embirro com não quer que eu morra. Raio X aos pulmões. Hummm! Um Tac. Hummmm! Pneumologista. Voltei à médica. Doutora, pneumologista, das duas que me indicou, só daqui por 15 dias. Se acha que devo tomar antibióticos tem de me dar uma receita. Não quero saber da pneumologista para nada. «Mas quero eu! Não sai daqui»! Pegou no telefone e ...

«A pneumologista vai atendê-lo agora de manhã. Faz tudo que eu lhe disse mais o que ela lhe disser. Até à próxima consulta».

"He! He! ...  bem! Vou lhe dar uns antibióticos para lhe limpar" ... para me varrer o salão, pensei eu! Vim para casa e mais um sonho.

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Caminhava na serra de Sintra, por entre urzes brancas. Naquela zona da serra, no meu sonho, não havia eucaliptos, nem acácias amarelas nem muitos dos arbustos que por lá encontro. Haviam urzes brancas todas floridas. Eu caminhava preocupado com a minha tosse que, na prática, quase já não existia mas, no sonho, estava cá bem instalada. Caminhava e pensava: "como raio vou terminar com esta tosse"?!

No meio das urzes brancas, num dia lindo, cheio de luz e ambiente florido, parecia que eu já caminhava no céu, tal como me tinha acontecido em Adrão. Sobre uma pedra de granito encontrei uma receita médica escrita com letras de ouro, numa tablete de mármore da cor do mel de rosmaninho com laivos de várias cores em que predominava o azul. Sobre a receita já estava o medicamento. Duas ampolas verdinhas, um verde uniforme muito acentuado. Disse para os meu botões: "como é que isto veio aqui parar"?

De entre as urzes falou-me o Senhor da Esfera: «Ventor, levas isso para casa, e tomas metade duma ampola hoje à noite e a outra metade amanhã de manha. Com a outra fazes o mesmo. Metade à noite e a outra metade de manhã. Se fizeres isso, ficarás livre de todos os males e não haverá doença que te apoquente».

Tenho pensado nisso mas nem tudo é assim tão simples. Peguei na pedra mármore e nas ampolas para vir para casa mas, antes de acordar na minha cama, ainda perguntei ao Senhor da Esfera o que faria eu com a pedra. Ele disse-me: «escreve por trás. Podes dizer: cumpri a palavra do Senhor e fiquei bom». "Mas, e como vou eu escrever na pedra"? «Experimenta. Verás que és capaz. Poderás fase-lo só com a mão»!

Acordei e só penso nas ampolas verdes. Mas sei que, tiro dos meus sonhos, que o Senhor da Esfera continua ao lado do Ventor.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente