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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


20.05.14

Continuo a Sonhar ...


Ventor

... com as urzes rosas ou roxas, com as urzes brancas, com as flores azuis (do S. João), jesione montana_l., por entre os fetos, com as carrascas (as nossas ericas rosadas) uma das mais belas alcatifas do mundo, ...

Sonho com as minhas caminhadas nos mais belos chãos do mundo.

Mas os mais belos chãos do mundo, são, também, para mim, os chãos do medo. O medo de ficar encostado à sombra de uma rocha, à sombra de uma urze, ou à sombra de fetos, sem hipótese de me levantar e caminhar, mesmo que lentamente, rumo à fonte mais próxima.

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jesione montana_ l. ou botão azul (as nossas flores do S. João)

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Quando as vejo por aqui, quase me sinto em casa mas, nada como quando as via a embandeirar os sucalcos das lavouras de Adrão

Como é simples o meu querer!

Não peço o euromilhões, não peço uma vida de luxúria, tal como ela é entendida pelo egoísmo das pessoas. Tudo o que eu peço é simples! Caminhar nas minhas montanhas sob o tecto do meu amigo Apolo, ao lado das rainhas das montanhas, ao lado dos garranos, os cavalos semi-selvagens ou selvagens se é que ainda os há. Caminhar pelos trilhos dos lobos, ver saltar os gafanhotos, ver esvoaçar as lindas borboletas azuis e a pousarem nas flores rosadas das carrascas, beber a água cristalina das minhas fontes, das fontes da minha serra.

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Fonte da Corga da Vagem

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Fonte do Muranho

Como é belo saber que ainda existe um sítio onde nos sentimos felizes quando crianças. Estou-me a lembrar de milhões de crianças que, neste mundo só bebem água que mata, especialmente, das crianças africanas que têm de caminhar quilómetros para beberem uma água barrenta que lhe mata a sede mas que também lhe pode matar a alma. Caminhar quilómetros de cântaros à cabeça para conseguirem água para matar a sede. E dizemos nós mal da terra que nos deu força para nos expandirmos para o mundo.

Por isso, tenho saudades dos meus primórdios porque não sou pobre e mal agradecido. Agradeço ao Senhor da Esfera tudo o que me tem dado e agradeço-lhe, especialmente, o que me deu nos primeiros anos da minha vida.

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Como são belos os chascos na serra de Soajo

É natural que lhe continue a pedir para me deixar subir a minha serra, que me deixe caminhar nos trilhos dos meus antepassados, que me deixe falar com as suas belezas. Eu apercebo-me da alegria dos chascos quando lá me vêm e sei que ela será igualzinha à minha. Eles têm tantas saudades minhas como eu tenho deles.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

19.05.14

Descida da Pedrada em 2013


Ventor

Ao descer da Pedrada e depois de comermos na Corga da Vagem, iniciamos a caminhada rumo ao Alto da Derrilheira e voltou a tormenta à minha perna. Mesmo assim, os meus companheiros de caminhada lá iam à frente, enquanto eu, sem pressas, tal como as vacas piadas dos lados de Cavenca, o único sítio onde vi vacas piadas, lá ia dando passadas e vasculhando o chão, em volta das carquejas, à procura das gensianas azuis. Foto aqui, foto ali, lá fui seguindo até à Derrilheira. Quando cheguei eles descansavam esperando a minha chegada e observavam a beleza do conjunto das nossas montanhas lindas.

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Ao ver a Férrea queimada, recordo-me do tempo que tinha uns trilhitos e tojos rasteiros porque os animais, nesses tempos comiam tudo

Descemos até ao Muranho e voltamos a beber água na sua fonte. Depois descemos rumo à Fonte da Naia onde não havia água limpa para beber. Mas assistimos à caçada do tira-olhos por uma das rãs que andam por lá para saudar o Ventor.

Depois decidimos descer para Adrão e tínhamos três alternativas. Pela Portela, por Fontoura ou pela Férrea. Para mim nenhuma delas era boa e, como já não descia pela Férrea há alguns anos, alvitrei que podia ser por lá. Eles aceitaram. Contrafeitos ou não, aceitaram. O Luis e o António sabiam os terrenos que pisariam mas o Eira-Velha, não conhecia nenhum na descida e serviria um qualquer.

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Mas olhando a foto, quem diria que esse monte é dificuldade para alguém, mesmo para um coxo!

Vi-me aflito para descer até à Chãe do Boi e a desordem foi tal que depois, até atravessar a Chãe do Boi, sempre a direito foi terrível para mim mas, o inferno, estava logo ali à frente.

O caminho da Férrea sempre tinha sido um dos meus preferidos a subir ou a descer mas isso era dantes quando, as pernas nada temiam e bons ou maus, ainda havia caminhos. Agora já não há caminhos na Férrea, apenas uns barrancos invisíveis pela altura dos tojos. Estes trilhos eram impróprios para um tipo cheio de dores intensas e que quase não podia com o corpo sobre as pernas, especialmente a direita.

Houve uma altura que rodopiei sobre a perna direita, ela não aguentou e tive de ir ao chão, sobre uma moita de tojo. Meti a vara para fazer força mas não conseguia sair dali. Rodei sobre o tojo para cima de outra moita, em baixo, consegui ficar a jeito sobre a perna esquerda e com a vara, só à terceira vez me consegui ver livre da moita. Ao mesmo tempo vi uma cobrinha castanha a fugir debaixo dessa moita para a seguinte. Se os animais falassem ela teria dito: "ah, Ventor que me ias matando"!

marco-alem.jpeg

Descendo a Férrea, sempre podia ver, descendo, o Marco d'Além, o Gondomil, o Castelo, o Poulo da Fraga, ... e, talvez, gritar "lá se vai o sol ao Alto"!

Como me foi difícil descer a Férrea!

Mas eu sou um macaco teimoso e, se calhar, ainda não desisti!

Por fim rumamos aos Arcos e só me resta esperar uma próxima vez.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente