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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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rio adrão.jpeg

Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


28.08.11

Garrano, um Cavalo para os Deuses


Ventor

Isso mesmo! Para os deuses e para o Ventor. Vamos elevar o cavalo garrano a Património Nacional.

O cavalo garrano, poderia ser, sem sombra de dúvidas, um cavalo para os deuses!

Um dos santuários dos cavalos garranos, situa-se nas minha Montanhas Lindas - Soajo e Gerês, mas eu não vos falo dos garranos do Gerês e de outros santuários como o da serra da Cabreira e dos galegos. Nestes últimos santuários, podemos ver os garranos movimentar-se com o mesmo brio dos da serra de Soajo mas, na serra de Soajo, o Ventor e os garranos fizeram-no em forma de partilha. Por isso, é destes que eu vou falar-vos, porque a serra era nossa.

Tu és garraninho, um prícipe dos deuses que querem manter belas as nossas Montanhas Lindas

Para mim, uma das maravilhas que dão beleza às minhas Montanhas Lindas, sempre foram os garranos e como descobri que os garranos iriam ser candidatos a Património Nacional, candidatura apresentada, em Setembro, resolvi partilhar com todos aqueles que não conhecem os garranos ou com todos aqueles que já ouviram falar deles, pedaços da minha vida junto desses belos animais que, dizem os sabidos, já por cá andam há milhares de anos e, possivelmente, os meus amigos da Gruta de Altamira e outras, também fizeram deles objecto das suas obras de Arte Rupestre, nos tectos das suas grutas.

Em redor das nossas Montanhas Lindas ou nos seus topos, vós, garranos, juntamente com as rainhas das montanhas (vós sois os reis), são as belezas do nosso mundo a perder-se

Certamente, também o Dom Fuas Roupinho, nas encruzilhadas das suas lutas, terá montado garranos nas suas cavalgadas sem fim, pelas planuras alentejanas, tal como, quando eu era criança, os homens "grandes" de Adrão e de outros lugares, o faziam quando, montados na beleza do seu garrano ou garrana, se chegavam ao Primeiro de Soajo, as célebres feiras do primeiro dia do mês.

Um garrano não será um mustang das pradarias americanas, nem um lusitano ou um dos belos símbolos reais de Alter. Um garrano é um garrano! E, por isso mesmo, uma beleza!

Mas eu sei que há quem não goste de vós e que, segundo as informações televisivas, dos últimos tempos, até a tiro vos têm morto. Talvez egoístas que apenas querem as estradas para eles

Ele caminha com primor pelas Montanhas Lindas do Ventor e, as visões das suas imagens, entre as rochas graníticas, as urzes e os fetos, as árvores de florestas frescas, como em Lamas de Mouro e outras, bem como as suas corridas nos horizontes dos cabeços da sua existência, tornam-se memoráveis para quem tem o privilégio de partilhar, junto deles, essas montanhas fabulosas.

Caminhar entre garranos, semiselvagens, selvagens ou mesmo domesticados, é um privilégio que nem todos têm e eu sinto-me orgulhoso de partilhar junto, com os garranos e as rainhas das montanhas, as belezas dos nossos horizontes.

A beleza de uma mãe a proteger o seu filhote e do seu filhote a proteger-se, junto da mãe

Por tudo isso, achei uma bela ideia, a candidatura do garrano a Património Nacional e aqui deixo o meu apoio como sei, tentando falar-vos das maravilhas dos garranos (como tenho feito nos meus posts), deixando os pormenores técnicos para os especialistas. Falar da Morfologia do garrano, da sua forte participação no turismo e desporto, no  factor económico, como animal de tiro etç., isso será feito, certamente, na apresentação da candidatura mas, o que me parece realmente interessante, é a possibilidade de essa candidatura melhor vir a ajudar na preservação dos garranos, animais em vias de extinção, pois segundo afirmam os especialistas, a sua existência actual, rondará entre 1.500-2.000 animais.

Também temos de levar em consideração que a defesa do garrano interage com a defesa do lobo. Não podemos defender o lobo sem defender os garranos porque as duas espécies vivem num ecossistema de montanha, reduzido, praticamente ao Minho e seus arredores da Galiza.

Desde 1994 que a raça garrana foi classificada ameaçada pelo Centre d'Etudes et de Recherches pour l'Économie et l'Órganization des Productions Animales (CEREOPA) sediado em Paris.

Eu vivo, hoje, convosco, as alegrias de outros tempos que ainda permanecem no meu cérebro. Tanto fizemos juntos por uma simples côdea de pão de milho. Por isso, nunca esquecerei a vossa beleza!

Calculo que, se o garrano não for devidamente protegido, dentro de pouco tempo, atravessar a Naia, subir ao Muranho e à Pedrada, rodar pelo Mesio, pelos montes da Gave e da Aveleira, por Lamas de Mouro e não ver garranos, deixará de fazer grande sentido pois esses montes perderão muito da sua beleza original.

Defendamos os garranos, como as cabras selvagens, os lobos e, todo o animal que torna o nosso mundo mais belo. Por isso, o garrano a Património Nacional, já!


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

24.08.11

Caminhada, Soajo-Areeiro


Ventor

Em 10 de Agosto de 2011, fiquei a conhecer mais Soajo!

Saí da Casa do Povo, onde bebi o café, rumo a Adrão. A pé, claro!

Desta vez, de facto, conquistei mais Soajo. Conheci o Souto, a Casa do Souto, os campos do Souto, os caniços do Souto, as águas do Souto, os caminhos do Souto, as flores do Souto, ...

Pois foi! Conquistei mais Soajo. Voltei a ver o meu amigo João, a minha prima Helena que, em Soajo, em tantos anos, só tinha visto uma vez! Recuperei num dia, anos perdidos, anos que ficaram encostados numa esquina do tempo. Mas nunca é tarde! Nunca é tarde para rever o meu amigo Carrasco na fisionomia da sua 2ª filhota. Consistem ali, as pintas do pai e da mãe. Tive também o prazer de vir a conhecer a sua filhota, que, há tanto tempo que anda por este mundo e nunca a tinha visto, mais a sua netinha.

Apetecia-me falar do Paquistão, neste momento, mas vou continuar com Soajo!

Na Corga das Ínsuas, alguém colocou esta telha para apanhar água na nascente. O melro é um cliente

Também conheci mais Soajo porque não me limitei a seguir o velho caminho, rumo a Adrão. Mais pela direita ou mais pela esquerda, haveria sempre uma forma de chegar rápido, ao Areeiro. Esticar a perna e avançar sempre! Depois, seguir o caminho de Bordença, rever a sua ponte e rumar ao Senhor da Paz e, dali, ao Cemitério. Seria a "peace of cake". O meu amigo "Finitro" tinha-me preparado para isso!

Mas eu sou anti-trilho! Coloquei os olhos no ar e fui por onde as andorinhas me levaram. Só que, depois, fui desencaminhado pelos corvos e pela poupa. Todos me chamaram e eu fui! Eles disseram-me que o mundo deles também era o meu! Devem ter aprendido com o galego que um dia, em Padrão, me disse que os minhotos eram uns corvos. Por isso, deixei-me levar sob os auspícios de Apolo, na peugada dos corvos. A poupa dirigiu-se em minha direcção, pousou sobre um pinheiro e tentou desviar-me para o caminho certo. Não conseguiu!

O caminho, este, tinha por objectivo levar-me para a Encosta das Vacas

De repente, decidi esquecer os corvos. Olhei para o lado e, ali estava a estrada para Adrão e, vinda de cima, de Entre-os-Outeiros, descia encosta abaixo a velha estrada florestal. Desviei-me para a corga das Ínsuas, saltei valados e desci entre paredes até à corga onde um melro, deu uma grande gargalhada e me perguntou: "e agora, Ventor"?

Achei que estava a gozar comigo mas não! Olhei a corga sem rasto de ninguém e fiz os meus olhos penetrarem na sombra da corga que ali corria sob árvores. Em plena sombra, mais em baixo, uma telha apanhava água que nascia ali para alguém beber mas, verifiquei que o único utente estava a ser o melro.

Virei-me para trás e as duas paredes tão íngremes, mais me pareciam o Fojo do Lobo e o lobo no buraco era eu. Não me meti à corga para me chegar à telha e fazer companhia ao melro. Para a frente não era bom e para trás era mau. De qualquer modo teria de subir bem e, então, resolvi seguir em frente. À 3ª tentativa passei a corga para o outro lado e iniciei a subida oposta à descida que tinha feito. Dei umas passadas rasgadas para não perder o balanço e uma silva entre as ervas tentou deter-me. Rasgou-me a pele, no peito do pé, junto à pala do sapato. Sapatos de toilette sem meias! Meto-me em cada uma!

Mas lá fui entre duas estreitas paredes até um caminho que cavalguei como pude até às Ínsuas, onde partia o trilho para Adrão. Passei o pontilhão em direcção a Soajo, onde um indivíduo regava umas plantas com uma mangueira junto à casa. Perguntei a esse homem se sabia onde morava o Joaquim Neto. Ele disse-me que ele tinha por ali uma casa mas morava em Soajo. Quase lhe pedi uma mangueirada o que teria feito se não fossem as máquinas, mas perguntei-lhe se os trilhos por ali estariam razoáveis para seguir rumo ao Areeiro.

"Para o Areiro volte para trás, porque se esse não presta, com os outros não se safa"!

Estas ovelhas, foram minhas companheiras de caminhada, enquanto eu ainda tinha objectivos

E não safei mesmo! Segui para o monte, creio ser a Encosta das Vacas, ou Costa das Vacas, para tentar ver a Açoreira de frente. Vi-me e desejei-me, primeiro para entrar para onde queria e o pior foi sair depois. Tive que trepar rente ao solo por entre os troncos das giestas, onde fiz ginásticas incríveis entre giestas queimadas e giestas verdes que me iam penteando como podiam.

Por fim disse para os meus botões que ia desistir. Foi o que fiz. Tracei um rumo em direcção do Areeiro e iniciei grande subida. Sob um calor escaldante, sem água, sem chapéu, sem cajado, sem meias nos sapatos e com uma sede terrível, tocou o telélé. «Luis, onde estás»?

Não me recordo se disse que estava no Inferno mas não terei dito para não a preocupar. O meu coração parecia uma MG a fazer fogo! Cada sombra que via queria encostar! "Não, não há encosto. Temos de seguir, sem perder pedalada, senão ficamos aqui»!

Por entre as giestas, queimadas ou verdes, não conseguia tirar fotos para as partes fundas da Assureira. Só fazia "fogo" alto (clicava), com uma mastronça de uma Canon nova, com a qual não sabia trabalhar. Mas, aprenderei!

A caminhada respondia às incertezas do gajo! Mais devagar, mais acelerado, mais devagar, mais ... mas sempre a subir! Por fim, encontrei os trilhos que me levariam ao Areeiro e em terrenos a ficarem quase planos. Avistei as árvores em volta da velha casa florestal do Areeiro, algumas, se nunca arderam, ainda eu terei plantado. Durante a chamada, disse ao meu Malmequer que, quem chegasse primeiro, esperava no Areeiro. Eles estavam nos Arcos e não sei que tempo demorariam, porque não sabia a que horas sairiam de lá.

Penetrei no arvoredo do Areeiro, o meu Purgatório! A beleza de árvores lindas e de sombras frondosas mas, e a água? Não tinha água. Tinha saído do Inferno e já em passada normal, peguei no télélé e, ... "esse número não se encontra atribuído"! Maldita TMN, ... faz-me mais falta um telemóvel aqui um dia que o resto do ano todo, em Lisboa. Outra chamada, a mesma resposta. Utilizei outro número. Entre três telemóveis podia ser que apanhasse algum. Duas chamadas e número atribuído mas era espanhol. "Buenos dias"! Duas respostas, duas desculpas. Vou tentar o terceiro número, ... «Ah! Desisto! Ainda me aparecia um espanhol e já estava sem paciência».

Lá está o Barroco! Que saudades tenho de galgar aqueles montes. Cá para baixo sombra e sol de frente - desisti. Queria era a casa do Areeiro

Desisti de dizer uma coisa simples. Vou continuar por Bordença, esperem-me no Senhor da Paz! Mas, como não liguei e, para não ficarem à minha espera no Areeiro, desisti da caminhada. Tudo por falta de telemóvel. Fiquei ali no Purgatório, esperando. Por fim lá vejo um argolinhas branco. Devem ser eles. Tenho de ir beber água a qualquer lado, pensei. Mas não foi preciso. Chegava, pelas mãos do meu Malmequer, desde os Arcos, uma garrafinha de cerveja ainda gelada. Essa garrafinha amainou as hostes e lembrei-me do meu amigo Odin e da sua fábrica de cervejas no Vallala. Acabou o Purgatório e entrei no céu! Rumo ao Miradouro, em Castro Laboreiro, onde o verdinho das Muralhas fez o resto do trabalho.

Mas passei quatro cortelhos trogloditas que me levaram a entrar por velhas realidades

Mas não foi uma caminhada inútil! Ajudou-me a descobrir, de facto, mais Soajo. A caminho da Costa das Vacas, encontrei quatro cortelhos trogloditas. Lá dentro era só escuridão mas, num deles, no segundo, estava uma galanta, uma bela rainha das montanhas, num trajecto diferente do meu. Eu caminhando, ela descansando. Mas gostei de ver aquela galanta! «Oh, Galanta! Estás aí na fresquinha»? Ao falar com ela, ela parecia que me conhecia. Deu duas passadas para sair do cortelho e eu disse-lhe para ficar à fresquinha. E não é que deu os dois passos para trás e ficou sossegada a remoer!

Ali lembrei-me dos trogloditas de Marrupa. Uma palhota subterrânea debaixo da terra de milho. Ouvíamos vozes e só víamos milho. Cansados, cheios de sede, tínhamos de subir aquele campo de milho para vermos para que lado ficava o Aeródromo. Mandei os meus parceiros ficarem quietos de armas em riste e eu, mais à frente, encaminhei-me rumo às vozes que ouvia mas, só via o milho. A G-3 bem apertada, pronta a cuspir fogo. O 2º avançou para me proteger melhor e para trás ficaram dois prontos a abrir fogo. Debaixo do chão as vozes continuavam. Pensei num abrigo de turras! Estaríamos a 10 kms da Base e outros 10 do Exército. Das profundezas do milho sai-me uma velhota com uma criança nos braços assustada quando vê a metralhadora virada para ela. «Não tenha medo que não lhe fazemos mal. Estão homens aí»? "Não, estão a trabalhar, só estamos nós e a criança"! Penso que eram duas ou três e tudo terminou em bem. Tal como eu e a galanta!

Aqui, esta galanta, quis colaborar comigo! «Eu saio e vou à frente abir caminho, Ventor». São espertas as rainhas das montanhas!

Não sei se alguém conhece a história do "Quatro Olhos". Quando eu era miúdo, constou-se, em Adrão, que um homem a quem chamavam, Quatro Olhos, tinha morto outro. Não sei se era de Soajo ou se eram de Soajo, ou se esse Quatro Olhos se foi esconder a Soajo. O fulcro da História era que a gente de Adrão tinha medo de fazer as viagens sós, entre Adrão e Soajo e vice-versa, que o Quatro olhos andaria por ali, escondido nuns cortelhos. Se fossem aqueles cortelhos seriam, de facto, um bom esconderijo! Hoje, aqui, sentado no meu computador, apeteceu-me tentar retratar esta caminhada de sonhos, não concluída. Haverá outra, sei lá quando, mas a rigor!

Quando, farto de andar com a cabeça no ar à procura de nada, virei à Branda da Murça e senti uma frescura amena ao entrar nestas árvores. O calor e a sede, minavam-me por dentro

Aqui, à sombra fiz várias tentativas para prosseguir viagem mas, os telemóveis, nas nossas Montanhas Lindas, são uma decepção. Fiquei neste Purgatório um tempinho, numa frescura agradável e o céu só chegou com uma cervejinha frsca, vinda dos Arcos


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

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