O Castelo de Castro Laboreiro
Agora sim!
Agora já vos posso continuar a falar daquele todo montanhoso a que passaram a chamar de Castro Laboreiro, Planalto de Castro Laboreiro, Montes Laboreiro e que eu chamo de Castrum.
Deixo-vos algumas fotos, do castelo de Castro Laboreiro e arredores, aqui, no Shutterfly
Agora, como dizia, já posso continuar a falar do castelo e das gentes de Castrum. Mas, continuo a dizer-vos que, falar das gentes de Castrum é tal e qual como falar-vos das outras gentes em volta: de Soajo, por exemplo, de Lindoso, de ...!
Subida norte para a entrada no castelo de Castro Laboreiro
Porém, há sempre alguma diferença! As gentes de Castrum, tiveram e têm o seu castelo, tiveram e têm os seus mastins, aqueles belos amigos de Castro Laboreiro, os seus cães. Os de Soajo, nunca tiveram castelo mas tiveram os seus mastins que os acompanharam pela vida fora, nas grandes caçadas. Nas duas zonas, a de Castro Laboreiro e a de Soajo, as suas populações serranas, deixaram raízes e marcas da sua presença por aquelas belas montanhas forradas de fraguedos.
Porta norte de entrada no castelo de Castro Laboreiro
Mas existem, entre as zonas de Soajo e de Castro Laboreiro, algumas diferenças topográficas e com elas algumas diferenças nas características e nas caminhadas das suas gentes.
Não me parece que os romanos, os árabes ou outros, permanecessem muito tempo pelos arredores de Soajo. As raízes das gentes de Soajo estavam impregnadas da rigidez da sua serra e das suas lages de granito em volta das zonas do Mesio e do Gião e até, por vezes, tenho dúvidas que os árabes e os romanos tenham por lá passado e se passaram, terá sido, toca e anda! Provavelmente, já nesses velhos tempos, as gentes de Soajo e dos seus arredores seriam tentados a aplicar a teoria do pão quente na ponta da lança até esfrear. Por isso sou tentado a acreditar nessa teoria e a acreditar que talvez alguns dos eventuais invasores do nosso Minho, utilizassem a mão a servir de pala para, apenas, dar olhada.
Alguém dá uma olhadda para sul, de onde caminhan rumo a Castro Laboreiro os fumos que se soltam do Inferno em que se tornaram os arredores de Soajo e a mata de Cabril
Em Castro Laboreiro já não. Em Castro Laboreiro, quem foi tentado a ficar por ali, teve de meter mãos à obra e levantar o seu castelo. Uns dizem que foi obra dos árabes outros dizem que foi obra dos romanos e eu digo que, uns e outros, deitam-se a adivinhar. A verdade é que ele lá está, majestoso, embora esventrado pela explosão da pólvora, muitos tempos atrás.
Por mim, acho-o majestoso e altivo, como o monte onde ele se ergue, espreitando todos os cabeços à sua volta até terras de Espanha. As suas gentes de origem céltica, viveram protegidas pelos cabeços graníticos dos seus montes e, com a chegada dos romanos, dos árabes e sei lá de quem mais, foram tentados a organizar-se, a traçar planos como demonstram as suas pontes e o seu castelo. No caso de Soajo, que me recorde, a ponte romana mais perto, será a de Cabreiro. Talvez a ponte de Bordença tivesse uma origem romanóide bem como os resíduos de calçada que existiam nos meus tempos de puto (aproveitada pela estrada florestal para Adrão), passando por Bordença, subindo a Coroa, rumo ao Fojo, que eram os caminhos de passagem para a Peneda e, quem sabe, para Santiago de Compostela. Ainda hoje há romeiros caminhantes que perdem a cabeça e vão a pé desde a Peneda para Santiago de Compostela (eu sei de quatro mangas que ficaram pelo caminho, creio que já perto da meta mas, as bolhas não dão tréguas!). Em Soajo, não conheço nenhum painel que nos indique os caminhos de Santiago, mas em Castro Laboreiro há e diz-nos que o meu amigo Apolo é o nosso guia. Só que, o caminho de Santiago que, em Castro Laboreiro nos indica o rumo a Santiago de Compostela, nos indica também o caminho para a Senhora da Peneda, para Adrão para Soajo e por diante.
Rumo a Oeste, o meu amigo Apolo espreita-me sobre esta espécie de Menhir, sorrindo ao ver a azáfama em que me encontro a fotografar tudo em redor do meu novo castelo
Por isso, acho que, hoje, tudo é muito simples mas, antigamente, não fossem os romanos e tudo seria o diabo para encontrarmos qualquer caminho rumo a Santiago ou a outro lado qualquer. Por tudo isso, eu até acredito que, se os romanos fizeram as pontes e as calçadas que serviram para passar Santiago e os que o trasportaram, também, certamente, terão pensado melhor e, no meio da gente castreja, resolveram juntar os botões e ir a jogo. Vamos lá fazer um castelo para defendermos o couro, o nosso e o vosso, porque existe uma certa fúria, em movimento, que já varreu a Europa e agora vai varrer a Ibéria e prepara-se para nos varrer a nós também aqui, neste planalto de pinhascos.
Claro que também estou a adivinhar. Por esses tempos também eram outros os meus castelos que foram erguidos por vários azimutes de outras galáxias e como o Senhor da Esfera não me deu o dom da adivinhice, tento eu fazer por isso.
Feito, em termos de projecto, pelos romanos, pelos árabes ou por quaisquer outros dos seus primos, ele tem, de certeza, na sua construção, o pulso do povo castrejo. E hoje, penso eu, mesmo que o seu castelo não volte, mais alguma vez, a rebentar com pólvora, penso que o povo de Castro Laboreiro irá continuar a olhar o seu castelo com orgulho porque, mesmo nas suas bases, ele continuará sempre a ser uma relíquia.
Um pormenor da base das grandes muralhas do castelo de Castro Laboreiro
Esse orgulho eu também sinto por um castelo que nunca tinha sido meu mas que agora também já é! Conquistei-o num dia de Agosto de 2010. Eu assaltei as suas muralhas, caminhei nele, observei os seus muros, imaginei como terão sofrido aqueles que o construiram sobre penhascos e aqueles que o viram estoirar envolto em fumo que se terá espalhado pelos seus horizontes. Essas ruínas dizem-nos que, em locais inóspitos como os da sua base, a presença dos homens foi uma caminhada constante rumo à eternidade. Nas raízes desse castelo ficou a mensagem!