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Adrão e o Ventor

nas suas caminhadas por Adrão e pela serra de Soajo. Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

nas suas caminhadas por Adrão e pela serra de Soajo. Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

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Vejam estes golosos a comer rojões assados na serra mais linda do mundo - a serra de Soajo


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Assar rojões na serra de Soajo, nos braseiros dos torgos das urzes, é uma tradição de séculos. Os que eles estão a comer em cima, são estes. Eu estou de serviço às fotos.

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Montes da Branda da Aveleira

Caminhando pela estrada, nos montes da Branda da Aveleira, deparamo-nos com grupos de cavalos e de vacas que, normalmente, logo que o meu amigo Apolo começa a subir os graus, se começam a esconder do calor e das moscas, entre os fetos altos, as urzes, as árvores e todo o matagal existente por ali.

O berro desta cria, solitária, perdida nos montes da Branda da Aveleira, chamou-nos a sua atenção para todo o espaço que a envolvia

A vida dos animais é semelhante à nossa. Eles interagem, uns com os outros, tal como nós!

Eu sei o que é andar perdido. Aprendi em África!

Mas, quando era pequeno, nas minhas Montanhas Lindas, o nevoeiro era um dos factores que impunham grande acuidade para tomarmos a direcção certa.

Mas, quando se nasce numa zona de montanhas, começamos, ainda de cueiros, a termos de conquistar, palmo a palmo, todo o espaço que nos envolve. O mesmo deverá acontecer com os animais!

Ela subia runo ao seu horizonte onde via vultos de animais onde lhe parecia vir a encontrar a sua mãe

Nas caminhadas que faço pelas minhas montanhas é, quase normal, encontrar crias que, ainda mamam, perdidas das mães. Isso aconteceu em Setembro de 2001, Julho de 2006 e agora, em Julho de 2009.

Em 2001, eu e o meu primo João, encontramos um bezerro perdido em terra de lobos. O seu cão, o Garoto, um serra da Estrela, ainda  muito jovem, que até parecia ter sido ensinado, foi a correr até ele e deu-lhe uma batida, só o largando junto da mãe, bem longe.

Com um olhar de soslaio na nossa direcção, ela terá pensado que não estaria assim tão só pois já estava a ver os carros passarem na estrada e os carros levam gente e a gente até, se calhar, podem ser os donos da sua mãe e seus

Em Julho de 2006, nos montes frente à Branda da Aveleira, encontramos uma bezerra, toda desvairada, perdida, à procura da mãe e a tentar procurar protecção entre os garranos. Ao verificar que aquele não era o seu mundo, lá foi a berrar ao encontro da mãe.

Mas ela galga espaços e aproxima-se dos garranos no alto do monte

Este ano, encontramos outra bezerra, completamente desaustinada, cabeça no ar, a berrar pela mãe. Ela investigava todo o espaço à sua volta, tentando encontrá-la. Seguiu monte acima até junto dos garranos, os vultos vivos que via no topo do monte e, verificando que a mãe não estava, por ali, voltou à esquerda e lá foi prosseguindo viagem, sempre a berrar.

Agora, chegada junto deles, verifica que os da sua espécie não andam por ali e, cheia de tristeza, decide não parar

Lá para a esquerda dos garranos haviam umas vacas, entre os fetos e as urzes e também entre as árvores e, por lá, poderia estar a sua mãe.

Mas mete dó observar um animal tão pequeno, perdido e sem protecção.

Nos meus tempos de puto, quando isso acontecia, era costume levarmos a cria até junto de outras vacas onde voltaria a ser protegida e procurar uma mãe aflita à procura da sua cria e levá-las até junto uma da outra. A partir daí, para uma e para outra, o mundo voltava a carrilar nos seus eixos, transportando todas as belezas que, por momentos, tinham sido perdidas.

Já mais próxima dos garranos, está determinada a prosseguir a sua caminhada e resolve ir para a sua esquerda e, retomar por cima, a direcção que tinha trazido

De todas as vezes que encontro uma cria perdida da mãe, recordo o pintor Luis Durdil, quando junto à Brasileira do Chiado, enquanto conversávamos, passou uma criança a chorar. Ele levantou-se como catapultado por uma mola e ficou lívido a olhar a criança que, realmente, parecia perdida mas, afinal, apenas estava chateada com a mãe que não lhe comprara o que ele pretendia.

Mas ela persiste em não deixar espaços de incerteza, entre os garranos e, continua a observar tudo por ali e sempre a berrar, se calhar, o nome da sua mãe ou, pelo menos, a palavra mãe

De seguida, o mestre Durdil contou-me a sua história de se ter perdido de seus pais, ainda pequenito, quando passeavam, pelo Chiado, então, ainda um local estranho, para si. Ele disse-me que se sentira tão mal, que chegou a convencer-se que o mundo acabara, para ele, nesse dia.

E lá vai ela, passo estugado e a gritar, ouvindo-se bem longe. Será que a mãe a ouviria tal como nós?

Ela deixou os garranos para trás e, destemida, continua viagem. Eu acho que aquela beleza das minhas Montanhas Lindas, já se apercebera que parar seria morrer e, se tinha perdido a mãe para aqueles lados era para aqueles lados que devia continuar a sua caminhada

O Durdil, que tinha uma exposição de quadros na, então, Galeria da Livraria Bertrand, do Chiado, disse-me, então, que, só, no meio da multidão, sem ninguém que lhe valesse, terá sido, nesse dia, a pior coisa que lhe aconteceu na vida.

Por isso, sempre que vejo um animal tão pequeno, perdido em montes de lobos, me recordo desse pintor.

Agora, determinada, ela prossegue no estradão, terreno ideal para os lobos perseguirem vitelos em correria

Mas é sempre uma beleza caminhar pelas minhas Montanhas Lindas e ver estes animais viver a sua vida de montanha mas é também uma tristeza encontrar um animalzinho tão frágil, a caminhar perdido, entre as flores rosas das ericas (carrascas), gritando ao Senhor da Esfera, pedindo protecção, tal como nós fazemos.

Mas ela lá vai na direcção certa, se não na direcção da sua mãe, pelo menos na direcção dos da sua espécie e já não ficará só. Continuando a berrar, mesmo que o Senhor da Esfera não a ouça, a sua mãe ouvirá, certamente


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

Ventor por Lamas de Mouro

Uma das minhas caminhadas por Lamas de Mouro em Julho de 2009

Chegados ao Hotel da Peneda, à noite, senti-me em casa e depois de uma noite bem dormida, na manhã seguinte, levantei-me cedo com saudades de inspirar todo o ar fresco matinal proporcionado pelo bafejo das minhas Montanhas Lindas.

Fui fotografar as escadas da Peneda e a Igreja, onde encontrei a camisa de uma cobra de cerca de um metro e, tal e qual como antigamente, comecei a procurar a descamisada! As cobras na sua acção de crescimento largam a pele velha e assim, de camisa lavada, lá vão à procura de refazerem energias.

A camisa de uma cobra ao lado do Santuário da Senhora da peneda. O Quico diz que, se calhar, também vai à missa. E porque não?! Somos todos filhos do Senhor da Esfera e todos queremos a sua protecção! 

A única diferença é que, antigamente, procurava-as para as matar todas enquanto que, hoje, se as escontrar, será apenas para tirar umas fotos e dizer-lhes, olá! Mas encontrei lá, junto à camisa da cobra, as flores azuis do S. João que me encantavam quando pequeno caminhava junto com elas, pelos sucalcos das lavoiras de Adrão.  E, como calculam, foi um disparar!

Depois, às 08:30, regressei ao Hotel para o pequeno almoço junto com o meu maralhal, seguindo, depois, rumo a Lamas de Mouro. Fomos encontrar as rainhas das montanhas pela estrada e, claro, como não pode deixar de ser, os seus companheiros de caminhada - os garranos.

Tourinhas na estrada para Lamas de Mouro, junto à Portela do Lagarto, a dar as boas-vindas e a animar a nossa passagem

Uma vaca, perto da ponte de Lamas de Mouro, a observar o Ventor

Um tourinho a querer dialogar com o Ventor e amigos ....

... e, esta tourinha está encantada connosco

Mas como devem calcular, para mim e para qualquer apreciador da Natureza, Lamas de Mouro é um lindo local no nosso Planeta Azul. Por ali temos tudo! Vacas e vitelos, garranos e filhotes, um rio onde correm águas puras (rio Mouro) - (sim porque os mouros também lá andaram, pelo menos, a caminho de Covadonga), os carriços do rio, as faias, os carvalhos, as carrascas (ericas), com as suas flores lindas, as urzes, flores selvagens de várias espécies e cores, chascos, gaios, rolas, pombos, esquilos, trutas, montanhas belas (infelizmente a serem esventradas pelos geradores eólicos, mas como será de adivinhar, não se pode ter tudo).

E, com um pouco de sorte, ainda por lá se avistarão lobos, porque se eles existem pela Branda das Aveleiras e pelo Ribeiro de Cima, na área de Castro Laboreiro, acredito que, tal como o Ventor, se deslocarão de quando em vez, por Lamas de Mouro.

Os garranos entusiasmados com a aproximação do Ventor. Eles estão no Paraíso, com comer a fartar, com água pertinho e com árvores, por perto, para lhes fazerem sombra

Quando era pequeno, os lobos eram avistados por todos os locais que hoje fazem parte das minhas Montanhas Lindas e Lamas de Mouro era  um dos seus locais de preferência. Não é de admirar, pois no vale que vai da Portela do Lagarto a Lamas de Mouro, não havia a estrada que foi construída no meu tempo de criança e, depois dela, os lobos continuavam a cruzar-se por ali, onde, em três pontos diferentes nascem as águas que originam as pequenas corgas que irão formar o rio Mouro e nele, os lobos bebiam água e refrescavam-se nos verãos.

A Ponte de Lamas de Mouro e o rio Mouro

É por este rio que esvoaçam as libelinhas azuis sempre prontas a cumprimentar o Ventor

Esta libelinha, convida-me para o seu repasto e diz-me que o seu mundo é maravilhoso

Para além de tudo isso, e muito mais, temos lá duas belas peças históricas: a ponte a que temos chamado romana e que agora alguns dos especialistas, que caminham por aí, dizem ser tardo-medieval!

Por mim, que lhe chamem o que quiserem, é uma belíssima ponte e aposto que, antes dos romanos já haveriam pontes e, como em tudo, sempre aprendemos uns com os outros, na caminhada dos séculos e dos milénios.

Nos montes de Lamas de Mouro, bem como por todas as minhas Montanhas Lindas a beleza rosa está sempre presente, até nos fraguedos

Este chasco sabe que eu gosto de música e por isso observa-me sempre a cantar. Eles são maravilhas pelas minhas Montanhas Lindas

Não podia deixar de colocar aqui este meu amigo de Lamas de Mouro, um gaio que sabe como o Ventor lhes quer bem e desafia-me a voltar lá para os cumprimentar

Mas eu voltarei a Lamas de Mouro.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

Ventor e as suas Belezas

Durante a semana de 06 a 11 de Julho, desloquei-me com a Dona do Quico e os avós do Tomás e da Maria até às minhas Montanhas Lindas mas, mais uma vez, apenas as olhei de baixo para cima.

Falarei, por aqui, das nossas caminhadas, rodando nos tapetes de alcatrão, mas para ficar um pouco mais animado, mandava a minha máquina à frente a desbravar trilhos terrestres e aéreos para rebocar as minhas montanhas até mim.

Assim, elas sempre imponentes desciam das alturas ou subiam lá de baixo e prostavam-se diante dos meus olhos como autênticas belezas deste Planeta Azul.

Caminhando pela meia encosta o mais próximo possível, eu prendia-as a um fio dourado emprestado pela Senhora da Peneda e, todo entusiasmado, transportava-as até junto de mim, e agora, até à minha janela virtual onde todos que o pretendam as possam observar.

Na manhã do dia 7 de Julho, levantei-me, saí do hotel e caminhei até à porta da "grande casa" da Senhora da Peneda que, de tão cedo que era, ainda estava fechada. Encontrei a camisa de uma cobra, quando iniciei a aproximação às quedas de água que descem da Meadinha e, olhando para o lado, procurando a cobra, encontrei a minha flor dos sonhos de criança - a flor azul do São João

Mas, todas estas flores azuis são de Adrão. A Senhora da Peneda lembrou-me da sua existência, perguntando-me: "olha para elas, Ventor! Ainda as conheces?

Eu olhei-as e esqueci-me da camisa e da cobra

Fotografei-as junto da Senhora da Peneda, das suas capelinhas e do Hotel da Peneda, mas avancei para Adrão na esperança de as encontrar

Em Adrão, lá estavam, nos mesmos sucalcos, nos mesmos locais de sempre, quando há mais de 50 anos elas, espreitando-me,  faziam parte das minhas caminhadas, ... da minha Grande Caminhada!

 Elas saíam dos sucalcos quase como a festejar a minha passagem. E eu, hoje, faço a festa com elas!

Mas, com a intervenção da Senhora da Peneda, junto do Senhor da Esfera, talvez volte a caminhar por lá no próximo mês de Agosto e, então, sim! Então eu beberei água nas minhas fontes, espreitarei pelas portas sombrias dos nossos iglos de pedra e para compensar estas belas caminhadas de Julho, voltarei a rever tudo de cima para baixo.

Caminharei no planalto da Naia e beberei água naquela bela nascente onde Diana, Vénus e outras amigas e amigos gostam de lavar os pés, chorando pela presença do Ventor.

Caminharei no Poulo do Muranho e por entre os seus iglos de pedra e, se o Senhor da Esfera me der forças, farei uma grande corrida até à sua nascente onde beberei da sua água e recordarei todos que um dia por lá caminharam comigo.

Voltarei a fotografar tudo que se vê desde o Alto da Derrilheira como se estivesse a fazer um voo de avioneta sobre Adrão e assim observarei as ruínas dos iglos da Naia e da Chãe do Boi que hoje apenas ocupam um espaço na nossa memória, fazendo-nos recordar os nossos antepassados que, caminhando ao frio das nossas montanhas, ali se abrigavam do frio e dos lobos, protegendo os seus animais.

Em Adrão, encontrei, além de flores, outras maravilhas como esta libelinha dourada ...

... e encontrei outras flores, maravilhas dos meus tempos de crianças, mas nem todas trouxe comigo 

Mas, a libelinha dos meus sonhos é esta! Ela continua dentro da minha cabeça há anos sem fim. Encontrei-a também no rio da Peneda e na Branda das Aveleiras, mas eu queria encontrá-las no meu rio e elas aqui estão

 Esta flor é também uma bela companheira ...

Caminharei pela Corga da Vagem até à fonte das Forcadas de onde romarei à esquerda e iniciarei a subida até ao Alto da Pedrada, onde estarei, certamente, bem mais pertinho do Céu.

Por estes trilhos espero voltar a ver as nossas "rainhas das montanhas", e os garranos, seus companheiros e senhores das grandes corridas contra os ventos, agora que estão mais verdes e aptas a receber todos, quase como nos velhos tempos.

... tal como esta e muitas outras que vagueiam pelo meu cérebro

Por agora contentei-me com as belas estradas das meias encostas, rodando pelo Planalto de Castro Laboreiro, pela Peneda, por Lamas de Mouro, por S. Bento do Cando, pela Branda das Aveleiras, pelos trilhos alcatroados da Gave, de S. António do Vale de Poldros, por Paradamonte, por Cavenca, por Rio de Mouro, Sistelo, Cabreiro, Mesio, Soajo, Cunhas, Paradela, Tibo, Rouças e, sem esquecer, pois claro, o meu ninho - Adrão. E também, não vou esquecer Ponte da Barca, Arcos da Valdevez, sempre integradas nos meus roteiros e uns saltinhos pelas belas terras da Galiza de onde observei, tal como um galego, as belezas das minhas Montanhas Lindas, vistas de outro lado.

Melgaço, S. Gregório, Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Paredes de Coura e algumas outras vilas e aldeias foram, também, parte do nosso roteiro.

Foram sels dias sobre rodas!


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Hoje passei por Soajo

Sim! Hoje passei e passeei por Soajo!

Hoje voltei a caminhar entre os espigueiros, a lançar a minha vista sobre aquelas minhas Montanhas Lindas.

Voltei a olhar o lado de lá, aquele lado que, subindo desde o rio Lima, suporta a estrutura norte da serra Amarela.

Eu sei, eu sei!

Os milhos de Soajo estão a crescer, a ser regados, a prepararem-se para poderem encher os espigueiros. Também sei que, hoje os milhos, existem quase só por diversão! Para alimentar o porco, as galinhas e para matar saudades da broa. A broa que nos fazia sonhar! Que nos alimentava os sonhos e a alma!

Este exemplar, cujo nome já não me lembro, procurava-o há muito e já desbravei centenas ou milhares de hastes, deste arbusto, para descobrir um. Estará mau para eles, também!

Hoje, as gentes de Soajo começaram a ir de fora, mas outros foram com elas. Estiveram lá presentes, além de Soajo e arredores, gentes dos Arcos, de Braga, do Porto, e sei lá mais de onde. Todos foram ver Soajo a velha vila recuperada, mas mais que isso, olharam todas aquelas montanhas, em volta, e verificaram que, mesmo com um capacete de nuvens, elas continuam a ser lindas.

Este espantalho não é daqueles que a tia Custódia engendrava lá pela Assureira, mas eu chamei-lhe logo, o guardador de girassóis

De manhã, recebi no meu telemóvel a informação de que a RTP, iria fazer o seu programa para o mundo, a partir de Soajo. Depois recebi algumas chamadas a informarem-me da dita emissão e, cheguei a casa, almocei, mas esqueci-me. Deitei-me sobre a cama e adormeci, mas há sempre alguém que não quer que eu durma e voltaram a acordar-me por causa da RTP a emitir de Soajo (olá Tina).

Cerca do meio dia deparei-me com este campo de girassóis, em Campolide, Lisboa, mas a bateria fintou-me. Deixou-me a falar só

Olhem-me só estas maravilhas!

Depois liguei a televisão e assisti a um programa com a ameaça de chuva até que a ameaça se cumpriu. Eu disse logo, depois de ver as nuvens a esconderem as minhas Montanhas Lindas de mim, que a emissão só poderia continuar debaixo dos espigueiros ou na escola. Não sei se o programa acabou normalmente, se precipitadamente. Raramente a televisão, qualquer delas, é um dos meus passatempos preferidos. Muito raramente! Mas hoje ela, a RTP, trazia-me Soajo e eu, voltando a sonhar com o passado, marquei presença!

Bom dia girassol! ... girassóis!

E todos em conjunto: BOM DIA, VENTOR!

A RTP, aposto, terá feito um belo programa, pelo que vi. Pelo menos para aqueles que foram obrigados a abandonar o berço para procurar outros pedaços de mundo. Tenho a certeza que, a quadra deixada, no fim do programa, pelo meu amigo Manuel da Pedreira, foi um belo remate. Ele deixou os beijinhos das gentes de Soajo, dos soajeiros, para a RTP e eu, que só me posso associar a ele, também deixo aqui os meus agradecimentos a essa mesma RTP por conseguir levar um dos mais belos recantos do nosso país a caminhar mundo fora.

São lindos, não são?

Mais lindos ainda por inesperados em tal local mas, todos gritaram para mim: NÓS SOMOS LINDOS!!!!!

Mas eu, caminho sobre todos os valores possíveis, reais ou virtuais! Caminhei pela manhã, durante uma hora, sobre pedaços de vida que me alimentam a alma, em falta das minhas Montanhas Lindas. Nessa hora dialoguei com esta beleza, além de outras e, para remate, fiz mais uma bela caminhada de uma outra hora, por Algés e Miraflores, onde dialoguei com um coelho bravo num local impensável. Voltei a Lisboa e deparei-me com um belo campo de girassóis num local onde não sonhava que existisse.

Mas este mirone de Miraflores, só pelo rastejar assapado do gajo imaginei logo um coelho. Pensam que fugiu? Dei passos atrás, passos à frente e fui disparando a máquina. Em todas as fotos só vejo um olho do gajo. Sempre um olho por entre os arbustos! A minha máquina de um lado e a dele do outro. Reparem bem no centro da foto!

Depois, regressei a casa cansado, almocei e encostei à box, esperando por melhores tempos. Foi a intervenção telefónica da Tina que me relembrou e me levou a Soajo através da RTP.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente