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Adrão e o Ventor

nas suas caminhadas por Adrão e pela serra de Soajo. Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

nas suas caminhadas por Adrão e pela serra de Soajo. Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

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Vejam estes golosos a comer rojões assados na serra mais linda do mundo - a serra de Soajo


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Assar rojões na serra de Soajo, nos braseiros dos torgos das urzes, é uma tradição de séculos. Os que eles estão a comer em cima, são estes. Eu estou de serviço às fotos.

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Voltei a ser Pequenino

Sim! Voltei a ser pequenino por alguns momentos. E caminhei nestes sítios, como outrora!

 

A nossa vida é, por vezes, muito estranha!

Ontem à noite, fechei esta janela que tenho aberta para o Mundo. Saí da minha cadeira, preparei-me e fui deitar-me.

Ao dirigir-me para o meu quarto, pareceu-me que me deram um esticão no roupão, mas como foi bastante em cima, concluí que o Quico, para fazer isso, teria de saltar. Peripécias destas já me aconteceram algumas vezes.

Procurei o Quico e verifiquei que estava deitado sobre a cama, junto da sua dona e tapado com a sua mantinha. Os dois dormiam profundamente.

Entrei no quarto, deitei-me e comecei a pensar no comentário da Loba, a Keila onde me diz:

 "tive a sensação de que caminhavas pelas estradas do Paraíso, meu amigo".

De facto, o que eu gostaria mesmo, seria transformar os nossos caminhos em estradas do Paraíso.

Continuando a levar em conta o comentário desta linda Loba, chego a entender, realmente que, caso haja estradas no Paraíso, elas terão de ser, forçosamente, feitas com flores e músicas. Músicas que terão de caminhar juntamente connosco, tal como as flores.

No meio de tudo isto, avaliando a hipotética existência das estradas do Paraíso, adormeci.

Adormeci, mas comecei logo a fazer mais uma caminhada. Desta vez, sonhando!

O céu era azulinho, o sol brilhava, o dia estava lindo e eu era um caçapinho muito pequeno. A minha mãe apareceu-me vestida com uma saia de cerguilha preta com rosas em roseiras na parte inferior da roda da saia e uma blusa branca de meia manga, também florida com uma fiada de rosas por cima, mais junto ao pescoço e outra por baixo com flores selvagens muito lindas. Pegou-me na mão e, mais uma vez, quis-me levar com ela!

Caminhamos os dois juntos, entre lindas flores, nos campos de feno do Curral das Cabras como nos tempos que eu não passava de um fedelho que já adurava aqueles sítios. Os perfumes eram os de sempre: cheiro a feno, a carvalhos (o láudano dos carvalhos) aquela substância pegajosa segregada pelas folhas dos carvalhos.

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A beleza dos carvalhos

Lá ao fundo, no supé dos fenos, as águas do meu rio cantarolavam laudas às belezas que as envolviam, bem como à minha mãe e a mim, e do seio das flores saíam sons fabulosos que murmuravam à nossa passagem canções celestiais. À minha volta, os carvalhos eram frondosos, as cascas dos troncos dos vidoeiros branquinhas, mostravam-me filmes de outros mundos. A beleza era inigualável. Do céu, vinham as músicas e a minha mãe largou-me a mão e começou a levitar, acabando por subir rumo ao céu, caminhando sobre as notas das músicas.

Ao mesmo tempo que subia, estendeu o braço fazendo rolar a mão como se me quisesse fazer ver que, toda aquela beleza era para mim, e ia dizendo: "fica aí meu filho porque isto é lindo! Eu vou para onde pertenço, mas voltarei para passear contigo"!

Vi ela desaparecer levitando sobre os carvalhos e penetrar no azul do céu, abandonando-me mais uma vez. E foi assim que, por momentos, eu vivi aquela pequena caminhada num êxtase completo.

Voltei a acordar transpirado, com o Quico de pé, junto de mim, a olhar-me fixamente. Fiquei bem acordado extasiando-me com as vivências de uma caminhada, em sonhos.

Comecei a majicar e voltei a pensar nas estradas do Paraíso de que a Loba, a Keita, me falou. Pensei, então, que se a Loba visse as belezas que eu vi, no meu sonho, diria: «Isto sim! Isto é o Paraíso»!

Mas eu, mais uma vez, abandonei o Paraíso e voltei a caminhar nos trilhos da realidade.

Um beijinho para ti Loba e votos das tuas melhoras. Que tudo te corra bem.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

101 Anos

101 anos foi a meta atingida hoje.

101 anos são os anos que assiste, impávida e serena, aos últimos sorrisos de Adrão. Um dia não vai haver ninguém para a recordar, mas nas Catacumbas da Net, aparecerá um lugar sem ninguém, sem futuro, sem sorrisos - chamado Adrão - e com uma rosa sem sorriso, a não ser que eu tenha a sorte de a voltar a encontrar.

Tiveram o cuidado de me enviar uma foto por telemóvel e que eu não tive a sorte de saber guardar entre milhares. Muitos milhares de fotos, no meio das quais andam à deriva 2 ou 3 suas.

Mas para você, tia Rosinha Félix, há sempre uma foto! A foto que representa todas as rosas! E, mesmo que eu não volte a encontrar as suas fotos, nenhuma outra a representará melhor que esta que eu vou arranjar para a representar.

Uma rosa de Adrão, representada por uma rosa de todo, ou quase, todo o Mundo

Também não sei se alguém lhe vai entregar o beijinho que lhe deixo aqui, mas sei que você sabe que eu, aqui, a milhares de kms de distância, não me vou esquecer de comemorar os seus anos com um scotch! Sós! Eu, você, Adrão e o scotch, juntos num pequeno copo para a eternidade.

Feliz aniversário tia Rosinha Félix.

Espero que, para o ano, já tenha uma foto sua para mostrar ao mundo que, em Adrão, também se chega e passa os 100 anos.

Muitos beijinhos do Ventor, da dona do Quico e do meu Quico que também já ouviu falar em si

Bjs..


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