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Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Adrão e o Ventor

Eu nasci na serra de Soajo e Adrão, nas suas encostas, é o meu berço

Nasci em Adrão e, desde muito novo, iniciei as minhas caminhadas pela minha serra - a serra de Soajo. Em 2009 ouvi falar de uma cruz que tinha sido colocada no Alto da Derrilheira. Numa caminhada realizada com os meus companheiros e amigos da serra de Soajo, Luiz Perricho, António Branco e José Manuel Gameiro, fomos recebidos no nosso mais belo Miradouro como mostra esta foto.


Algumas das vacas da serra, receberam-nos e, na sua mente, terão dito: «contempla Ventor, mais uma vez, toda esta beleza que nunca esqueces. Este é o teu mundo e é nele que o Senhor da Esfera te aguarda». Tem sido sempre assim, antes e depois da Cruz.


Se quiserem conhecer Adrão, Soajo e a nossa serra, podem caminhar pelos meus posts e blogs. Para já, só vos digo que fica no Alto Minho.



Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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rio adrão.jpeg

Aqui nasce o rio Adrão


Das melhores coisas da minha vida, foi caminhar no rio de Adrão. Até aos 15 anos e depois, à medida que por lá ia passando. Nesses tempos eu caminhava no meu rio como caminho hoje por muitos trilhos limpos.

 

O rio Adrão nasce aqui e vai perder-se enleado em matagais sem fim


22.07.07

Tomás e Maria, em Adrão


Ventor

«Levou tempo, mas o Ventor lá conseguiu»!

Será este o pensamento do Tomás, tanto tempo à espera para ver as fotos que ele, a irmã, o pai e a mãe, andaram a tirar pelos meus trilhos sagrados. Sim, porque os incas tinham os seus "Trilhos Sagrados" lá por Machu Picchu, e eu também tenho os meus.

Se os incas tinham o seu vale sagrado do Unamambo, eu também tenho o meu vale sagrado "o vale do Curral das cabras".

Este era o caminho que levava o Ventor para a Assureira e o trazia

Foi em Abril que os meus "pilantrinhas" foram conhecer os trilhos do Ventor. Eles conheceram a minha escolinha e o espaço onde cresci enquanto aprendia o a, e, i, o, u. Aí o Tomás terá ficado estupfacto ao apreciar aquele pequeno edifício, fabuloso para o Ventor e compará-lo com a grandiosidade do sítio onde ele aprende, hoje, o seu a, e, i, o, u. Que mundos tão diferentes, dirá! Subiram ao Cruzeiro do Senhor da Paz e de lá desencantaram tudo aquilo que encantou o Ventor!

Este era o caminho que levava e trazia o Ventor para a sua escola do Senhor da Paz

Daquele cruzeiro ele pôde observar a grandiosidade das montanhas do Ventor, comparadas com as da linda serra onde vamos comer os nossos  travesseiros. A beleza duma debruçada sobre o mar, chorando a sua solidão e a beleza rude de todos aquele montes maravilhas que se tentam segurar uns aos outros na sua união sagrada através dos tempos telúricos, sempre esperando pelo Ventor.

O Porto d'Além! Este é o caminho que leva o Ventor ao Marco d'Além, às Fontes, a Paradela...

Terá ficado espantado quando o pai lhe mostrou a Assureira do Ventor e a sua beleza selvagem e infinita enterrada no meio de matagais sem fim e a tentar dar o braço aos seus lindos carvalhos a começarem a vestir as suas novas roupagens. Um dia mais tarde, se chegarem a caminhar por ali com o Ventor, aprenderão a destrinçar mundos tão distintos, tão diferentes e tão belos, mas nunca terão a oportunidade de passar todas as estações na sua caminhada em volta de Apolo, ano após ano, para apreciar a diferença de belezas sem fim.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente

05.07.07

Marco d'Além


Ventor

Nos montes frente a Adrão, fica o Marco d'Além.

O Marco D'Além

Quando os raios do meu amigo Apolo  começavam a despedir-se de nós, trepando esses montes, as moças de Paradela começavam a perder o brilho, nas festas de Adrão. Quando eu era ainda uma criança, ouvi esta cantiga que nunca mais esqqueci:

 

Lá se vai o Sol ao Alto,

Metido numa panela.

Lá se vai o brio todo,

Das moças de Paradela.

 

Foi assim que, uma vez, quando eu era ainda criança, vi terminar uma festa em Adrão. Tudo começava quando o meu amigo Apolo fazia deslizar o seu manto a partir do Marco d'Além rumo ao Alto do Gondomil.

Mas o Marco d'Além, não se limitava a dar início ao fim do brilho das moças de Paradela. Era muito mais que isso. Ele era o relógio de Adrão!

Nas festas, o sol subia o monte e marcava o início das retiradas de todos que ali se tinham deslocado para se divertir ao som da fanfarra, da gaita galega ou dos alti-falantes de Santa Marta de Portuzelo.

O Marco D'Além parece o guardião de Adrão

Todos os dias o Marco estava presente na cabeça de todos. Ele era determinante no dia a dia das gentes de Adrão, especialmente dos mais velhos. Ele fazia o papel de um relógio de sol. Em tempos de chuva não havia preocupações em cumprir com o estratagema do Marco. Era assim, assim!

Mas em dias de sol, ele determinava tudo!

"Onde vais"?

«Vou pôr o pote ao lume para fazer o caldo. Já lá vai o sol ao Marco»!

Era nessa Altura que começava o "Final Countown"!

Até parece que era nesse momento que as galinhas começavam a pensar no poleiro.

Quando eu tentava brincar mais um pouco, pois para a criançada havia sempre mais um pouco para as brincadeiras, lá vinha a voz autoritária da minha mãe:

"vai buscar as vacas, Ventor, pois já vai o sol ao Marco"!

E, ao Ventor, nada mais restava que obedecer, pois o "final countdown" chegara. Olhava e via que, realmente, o sol já ia ao Marco e estava tudo dito!

É assim que se vê Adrão do Marco D'Além

O Ventor gritava: «espera Apolo, espera»! Mas Apolo não lhe obedecia.

"Corre, Ventor, corre. Não posso esperar! Se espero morre tudo"!

«Oh, Apolo, amigo da onça, sobe os montes mais devagar»!

Mas Apolo não queria saber. No seu rang, rang, preparava-se para passar o monte do Gondomil, o horizonte mais alto frente a Adrão. Aí, o sol deixara de ir ao Marco, mas ia ao Alto (do Gondomil) e aí já nada havia a fazer a não ser acelerar.

As vacas estugavam a passada, as cabras desciam rumo à Barreira, mais apressadas, as galinhas iam-se empoleirando e,saindo dos telhados de Adrão, os fumos davam o sinal que tudo, em casa, acelerava também.

Ou assim! Todas as janelas ou portas de Adrão estão viradas para o Marco!

Quando o Ventor chegava a casa, já não se ouviam os có-có-ró-có-cós das galinhas. Vinha o sossego, o silêncio, o caldo quente, o calor do lume, o descontrair de mais uma caminhada, o terminar de mais um dia. O petróleo alumiava pouco e o melhor era dormir, pois a manhã seguinte não demorava e traria novo bulício.

Quando os raios de Apolo tocassem o Alto da Derrilheira, tudo iria recomeçar.


As Montanhas Lindas do Ventor, são as montanhas da serra de Soajo, da serra Amarela, do Gerês, ... são as montanhas dos meus sonhos e são, também, as montanhas de toda a minha gente