Jasione Montana L.
Volto aqui aos raminhos de S. João, ou botões azuis ou ainda, Jasione Montana L., o seu nome científico, para que não haja confusão.
Também volto aqui, para falar da beleza destas pequenas florezinhas azuis que, para mim, nos meus tempos de meninice, me encantavam e ainda hoje me encantam.
Jasione Montana L.
Onde quer que veja estes botõezinhos azuis eu caminho mais de meio século para trás. Nunca me esqueci deles e vi-os uma vez na serra de Mochique, no Algarve, o que me encantou. Pensei então: "as belezas deste mundo continuam a meu lado"!
Mais tarde, em 2007, nas fraldas dos Picos da Europa, subíamos uma estrada de montanha, e levava os olhos fixos na estátua de um urso, feito de pedra. Paramos e, como sempre faço, observo tudo a meu lado, seja o que for. Insectos, lagartixas, flores, florestas, ... sobretudo coisas que me possam contar algo. E se há coisas que me contam algo, os raminhos de S. João são das mais belas. Quando era pequenote, um dos meus encantos era ver essas flores azuis penduradas nos socalcos de Adrão, o único mundo que então conhecia e por esse e outros motivos, o mais belo dos que poderiam existir. Nesses tempos, Lisboa, para mim, ficava por trás da serra Amarela e dos demais mundos possíveis ainda não tinha ouvido falar por aí além.
Jasione Montana L., em Arcos de Valdevez
Raramente vejo estas flores penduradas pelos socalcos de Adrão mas, este ano, procurei-as em 12 de Junho e só vi duas ainda verdes que me disseram: "se voltares, em Agosto, Ventor, talvez algumas de nós estaremos por cá para encantar os teus olhos". Infelizmente, voltei mais cedo, mesmo no tempo delas, no S. João. Só que, Adrão só a vi de cima para baixo.
Jasione Montana L., em Cunhas, num socalco pendurados para a estrada
Penduradas no mesmo socalco, dois belíssimos grupos além de outros
Saí dos Arcos, dei boleia a uma pessoa para Soajo e disse cá para mim: "ainda vou a Adrão à procura dos Jasion Montana L., talvez tenha a sorte de os ver pendurados e belos como eles são". Perdi-me em Cunhas com eles, depois perdi-me, em Paradela, perdi-me na Cruz que olha a Várzea em honra do seu Bispo. Perdi-me nos montes sobre a Várzea, perdi-me no Poulo da Cascalheira e no Poulo dos Cagordos, no meio dos garranos. Perdi-me nas Fontes, em cima e em baixo. Perdi-me frente a Adrão e às minhas Montanhas Lindas do seu lado. Fez-se tarde e voltei a perder-me na Barreira, onde os "Jasione Montana L.", ficaram mais estupefactos do que eu, a observar-me.
Estas são de Adrão, na Barreira, penduradas para a estrada
O tempo corre e já não deu para descer abaixo, mas já estava encantado com os meus belos botões azuis. Reconheço, contudo, que ainda não foi este ano que os vi todos viçosos pendurados nos socalcos de Adrão a observar-me.